terça-feira, 26 de junho de 2012

No Mundo Tereis Aflições - Lição 01




INTRODUÇÃO
            A queda e a degeneração da raça humana são as chaves para se compreender a realidade do sofrimento (Gn 3. 13-19). Através da história, as pessoas vem lutando contra  uma aparente contradição: Se Deus é absolutamente bom, então por que o mal existe? Se Deus é tanto “Bom” como“Poderoso”, Ele não permitiria que o mal e o sofrimento existissem em sua Criação. Então, ou Deus não é “Bom” (e por isso tolera o mal) ou não é“Poderoso” (e por isso não pode livra-nos do mal, mesmo que queira). Esse visível problema de séculos de história é chamado na Teologia e na Filosofia de Teodicéia, palavra derivada do grego“Theos (Deus) + Dikes (Justiça)” que significa “A justiça de Deus”, ideia que gerou a discussão do “Posicionamento teológico e filosófico para justificar a bondade de Deus em vista da existência do mal no mundo”. Este será o assunto que permeará  a primeira lição como também todo este trimestre.

I –  QUAL A DEFINIÇÃO DE AFLIÇÃO?
            A palavra aflição no grego é “Kakoucheõ” que significa: “sofrer infortúnio, ser maltratado” (Hb 11.25; 11.37; 13.3) e a palavra“Kakopatheõ” que quer dizer: “sofrimento, adversidade, padecer” (2Tm 1.8; 2.9; 4.5; Tg 5.13). A palavra “Kakopatheia” também poder ser definida como: “aflição, maltrato, angústia” (At 7.34; Rm 8.18; 1Pe 1.11; 5.1; Hb 2.9; 2Co 1.5; Fp 3.10; 1Pe 4.13; 5.1). O Mestre amado falou sobre isso quando disse: “[...]no mundo tereis aflições, mas tendes bom ânimo[...]” (Jo 16.33-c).

1.1.O justo e o ímpio sofrem igualmente. A fidelidade a Deus não é garantia de que o crente não passará por aflições, dores e sofrimentos nesta vida (Jo 16.33; 2Tm 3.12; Sl 34.19). Podemos perceber esta verdade nas palavras de Jesus: “Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45).Também nas palavras do sábio Salomão: Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento”(Ec 9.2).

II – QUAL  A ORIGEM DO MAL?
            Durante muito tempo se procurou respostas a seguinte pergunta: O Deus absolutamente BOM não poderia ter criado o MAL. Então, de onde veio o mal? Podemos responder da seguinte forma:

  • Deus é ABSOLUTAMENTE perfeito (Sl 145.17; Mt 19.17; Mc 10.8; Lc 18.19);
  • Deus criou apenas criaturas PERFEITAS ( Gn 1.31; Ec 7.29);
  • Deus concedeu o LIVRE-ARBÍTRIO a suas criaturas (Dt 30.11-20; Ec 12.14; Mt 7.13-14; Lc 13.24; Hb 11.24-25 );
  • Algumas dessas criaturas ESCOLHERAM LIVREMENTE FAZER O MAL (Gn 3. 13-19; Is 14.12-16; Ez 28.4-7 );
  • Portanto, UMA CRIATURA PERFEITA, E NÃO DEUS, CAUSOU O MAL (Gn 3. 13-19; Is 14.12-16; Ez 28.4-7 ).

III – QUEM CRIOU O MAL?
            Se existe um Deus Todo Poderoso e cheio da amor, que conhece todas as coisas, por que Ele permite que tanta agonia e sofrimentos existam no mundo? Esta é uma das muitas perguntas que perturbam a humanidade. A experiência humana tem atestado universalmente a realidade do mal. A face sombria da realidade mostra-se concretamente por meio da dor, da morte, da angústia da injustiça, de epidemias, da fome, de guerras injustas, da opressão política, e da morte de inocentes. Tudo isso são algumas das manifestações específicas do que é normalmente chamado de MAL. A Bíblia é o único livro que tem condições de responder a essa pergunta. Vejamos:

  • O Sofrimento é fruto diretamente do pecado(Gn 3. 13-19; Rm 5.12; 3.23; 8.20);
  • Deus não é o culpado pelo sofrimento do povo.(Pv 26.2; Lm 1.8,9,14,18,20,22);
  • Existe a Lei da semeadura(Gn 37.20-28; 42.21-22; 2Sm 16.22; Mt 7.1-2; 2Tm 3.13; Gl 6.7-8; 2Co 9.6; Mt 6.19-20; Tg 5.24; Ec 8.11-13; Os 5.7-8; 10.13; Pv 22.8; Jó 4.8; Et 3.6,8,9; 5.14; 10.8);
  • Tudo que Deus criou era bom(Gn 1.31; Ec 7.29);
  • A situação trágica de Judá foi causa dos seus próprios pecados.(Jr 26.7-11,16; Lm 4.13; Jr 42.14; Lm 4.17);
  • O homem queixa-se dos seus próprios pecados.(Gn 50.20; Lm 3.39; Pv 19.3; Mq 7.9).

III –  POR QUE OS JUSTOS SOFREM?
            Orlando Boyer define sofrimento por: “Padecimento, dor, amargura” (BOYER, 2008, p. 712). No grego é a palavra  “Pathema” que significa: “Aflição” (2Tm 3.11; Hb 10.32; 1Pe 5.9;) e pode ser também a palavra “Paschõ” que quer dizer: “Sofrer” (Mt 16.21; 17.12; 1Pe 2.23; Hb 9.26; 13.12; 1Pe 2.21; 3.18; 4.1).  A Bíblia nos mostra que a origem dos sofrimentos reside no primeiro ato de desobediência contra Deus (Gn 3. 13-19). São diversas as razões por que os crentes sofrem. Vejamos algumas:
  • Pela decorrência da herança do pecado de Adão e Eva(Gn 3.16-19; Gn 25.21-34; Rm 5.12; 8.20-23; 2Pe 3.10-13);
  • Pelos seus atos(Sl 42.7; Jó 34.11; Jr 17.10; Pv 6.27; Mt 16.17; 1Co 3.8; 2Co 5.10; Gl 6.7; Rm 2.6; Ap 2.23);
  • Por habitar num mundo pecaminoso e corrompido(Ez 9.4; At 17.16; 2Pe 2.8);
  • Por correção de Deus(Is 26.16; Jó 5.17; Pv 3.11-12; Sl 119.67, 71; Hb 12.6-8; 1Co 11.31-32; Ap 3.19);                                 
  • Por enfrentar ataques do inimigo(Jó 1.12; 2.6; Mt 5.10-11; 1Pe 5.8-9; 1Jo 5.19; Ef 6.12; Gl 1.4; 2Tm 4.6,8);
  • Por ter a natureza de Cristo(Mt 16.24; Jo 17.14; 1Co 2.16; 2Co 4.8; 2Tm 3.12; 1Pe 2.21; Lc 19.41; 2Co 11.23-32);
  • Por perseguição religiosa(Mt 5.10-12; Mt 10.22; 24.9; Jo 15.19; At 5.41; 2Tm 2.11-13; 1Pe 4.12-14; Ap 3.1-4);
  • Por “provação” da  fé (Dt 8.3; Jó 19.25-27; Sl 23.4; Is 43.2; Rm 5.3-5; 1Co 10.13; 2Co 1.4; 12.9; Tg 1.3; 1Pe 1.7).

IV –  QUAIS OS EXEMPLOS DE ALGUNS JUSTOS QUE SOFRERAM POR PERMISSÃO DE DEUS?
            Há quem diga que as feridas abertas em nossas almas, são portas por onde Deus opera. Muitos sofrimentos que enfrentamos aqui nesta vida, têm como finalidade a manifestação do poder da glória de Deus. O Senhor NUNCA falou que  “nos livraria DA fornalha, mas sim NA fornalha”.Existem alguns exemplos na Bíblia de justos que sofreram por permissão de Deus para um propósito determinado. Analisemos alguns destes exemplos:

  • José o governador do Egito(Gn 37-45);
  • O profeta Daniel na cova dos leões (Dn 6.1-28);
  • Os companheiros de Daniel na fornalha de fogo ardente (Dn 3.28-30); 
  • O salmista(Sl 119.67, 71);
  • O patriarca Jó(Jó 42.117);
  • O homem cego de nascença. (Jo 9.1-38);
  • Lázaro, o amigo de Jesus.(Jo 11.1-45);
  • O mártir Estêvão(At 7.55-60; 1Pe 4.14; 2Co 12.9; Tg 4.6; 1Pe 2.20);
  • O apóstolo Paulo(2Co 4.8-9; 11.16-33; Fp 3.7-11);
  • O apóstolo Pedro(1Pe 2.20);
  • O próprio Jesus(Is 53.1-12; Jo 15.18-21; Mc 15.3-5; Lc 23.9; Jo 19.9; At 8.32-33; 1Pe 2.20-24; Ap 5.6).

V – COMO O JUSTO DEVE ENCARAR O SOFRIMENTO?
            Se conhecêssemos como Deus conhece as glórias ocultas que ele tem para cada um de nós na vida futura, saudaríamos com alegria por cada quebrantamento e prova, e o agradeceríamos por tudo! Deus é o melhor professor  Primeiro dá a prova e depois a bênção (Tg. 1.2-4). Como devemos encarar o sofrimento mesmo em tempos de crises? Vejamos alguns exemplos:

  • Tendo Esperança(Jr 17.7-8; Is 64.4; Jó 13.15; Pv 14.32; Lm 3.18-22, 26;  Nm 13.14; Fl 4.13; Rm 8.24-25; 37).
  • Tendo alegria(Jo 16.20-21; Mt 5.11-12; 1Pe 4.13; Rm 8.28; Gl 6.17; Fl 1.29; Cl 1.24);
  • Através da Fé(Jó 42.5; 1Jo 5.4; Ef 6.10-18; Hb 11.1, 6, 33-38);
  • Em oração(Sl 55.17; Dn 6.10; Lc 3.21-22; 4.1-13; 5.15-16; 6.12; 9.18-29; Hb 5.7; At 2.42; Ef 6.18; Fl 4.6);
  • Enfrentando as “fraquezas” da vida (Pv 24.10; Ap 3.10);
  • Enfrentando o luto(2Sm 12.18-20; Jó 1.20-21);
  • Enfrentando as enfermidades(Is 38.9-22);
  • Enfrentando as necessidades(Hc 3.17-19);
  • Enfrentando as perseguições(Mt 5.10-11; At 7.55-60; 20.24-25);
  • Enfrentando as angústias(Sl 50.15; 1Co 11 16-31).

CONCLUSÃO
            Podemos concluir com as palavras do Mestre amado: Eu conheço as tuas obras” (Ap 2.9). Lembremo-nos do profeta messiânico:Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Is 43.2). “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento. Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão; Mas os que esperam no SENHOR renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão (Is 40. 28-31). E do salmista quando falou: “DEUS é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” (Sl 46.1).

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Lição 13



A FORMOSA JERUSALÉM.

INTRODUÇÃO
- Enquanto no Gênesis se percebe que a criação pura foi contaminada pelo pecado, vindo assim a maldição, no Apocalípse, o último livro  do Cânon Bíblico, enfatiza a restauração de todas as coisas com uma nova criação, “novos Céus e nova terra”, vindo assim a bênção não parcial, mas sim, a bênção eterna que jamais terá fim!
I – PALAVRA CHAVE “CÉU”
 “E VI um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe”.
1 -  “...um novo céu, e uma nova terra”. no principio, portanto, Deus criou os céus e a terra. no texto original hebraico a palavra para céus é (“shamayim”). A terminação “im” indica o plural. Isso pretende mostrar que há mais do que somente um céu.
2 -  Na Bíblia distingue-se pelo menos três céus; o céu inferior (auronos), o céu intermediário (mesoranios) e o superior (eporanios).
(a) Céu inferior. Por céu inferior entendemos o céu atmosférico. Isto é o (“alto”): onde sobrevoam as aves e os aviões, passam as nuvens, desce a chuva, se processam os trovões e relâmpagos. Deus o chamou de “...a face da expansão dos céus”. Gn 1.20 e Jesus, de “...extremidade inferior do céu”. Lc 17.24.
(b) Céu intermediário. Por céu intermediário entendemos céu estelar ou planetário, chamado também o céu astronômico. A Bíblia o chama de a (“altura”):
c) Céu superior. Esse é chamado de as (“alturas”). Sl 93.4; At 1.9; Hb 1.3. É declarado em 2Co 12.2, como sendo “...o terceiro céu”, o “Paraíso”; podemos chamá-lo de “o espiritual”, e de “céu dos céus” por estar acima de todos (Ne 9.6; Jo 3.13). É o lugar onde habita Deus (Sl 123.1), Cristo (Mc 16.19), o Espírito Santo em seu retorno (Ap 14.13), os anjos (Mt 22.30; Jd v.6); será também a morada dos salvos em Cristo (Jo 14.3).
3 – Os Céus e sua sustentabilidade
-  Deus criou os céus pelo supremo poder da palavra (1Cr 16.26; Jó 26.13; Sl 8.3; 33.6; 96.5; 136.5; Pv 8.27). Os céus incluindo a terra (Êx 20.11; 31.17; Ne 9.6; Sl 89.11, 12; 102.25; Salmo 115; Salmo 121.2; 124.8; 134.3; 156.6; Pv 3.19; Is 37.16; 42.5; 44.18; 51.13; Jr 10.12; 32.17; 51.15; Zc 12.1; At 4.24; 14.15; Ef 3.9; 2Pd 3.5; Ap 4.11; 10.6; 13.7). Deus os criou em seis dias (Êx 20.11; 31.17). São sustentados pelo poder da sua palavra (Sl 33.9; 148.5; Hb 1.3; 2Pd 3.5). Uma vez que o (“Céu Superior”), é eterno, não é, pois sujeito a nenhuma mudança “...um novo céu, e uma nova terra” implica a transformação dos (“céus atmosféricos e astronômicos”); eles passarão com grande estrondo no dia do juízo (Is 51.6; Mt 24.33; Mc 13.31; Lc 21.33; Hb 1.10, 11; 2Pd 3.7, 10; Ap 6.16 (1º estágio); Ap 20.11; 21.1; consumação.
4 - E o mar já não existe.
- Uma omissão conspícua da nova criação de Deus é a de oceano: “...e o mar já não existe” (21.1). Como o coração de João deve ter sido confortado por tal revelação, pois na ilha de Patmos o Apóstolo estava separado pelo revolto do mar! No céu, entretanto, nada nos separará dos nossos queridos.
II – A CIDADE SANTA
“E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido”.
1 - “...a nova Jerusalém”. Esta linda cidade, vista por João, corresponde à mesma do versículo 10, deste capítulo; porém, em relação ao tempo, uma visão está distante da outra cerca de mil anos. “Este trecho ocupa-nos outra vez com o período milenial. O que foi dito em 20.5-6, é agora revelado plenamente, e temos uma descrição da noiva, a esposa do Cordeiro, na sua glória milenial, em relação a Israel e às nações sobre a terra”.
2 - A cidade.Em foco era de gigantescas dimensões tendo o formato quadrangular, vista no versículo 10; descrerá para a terra no início do Milênio e, ficará (“acima”) da Jerusalém terrestre durante mil anos e, a iluminará (v. 23). Iluminada pela glória da Jerusalém celeste a Jerusalém terrestre se transformará também na cidade casada como descreve o profeta Isaías: “Nunca mais te chamarão: desamparada, nem a tua terra se denominará jamais: Assolada; mas chamarte-ão: Hefzibá; e à tua terra: Beulá...”(Is 62.4a.). Aqui o profeta descreve a glória de Sião durante o Milênio. A cidade (“desamparada”), será chamada (“Hephzibat”) meu regozijo está nela”, e a terra desolada, (“Beulá”), ou casada. E o
senhor habitará em Sião e se regozijará sobre ela como o noivo se regozija da noiva.
III – A SANTA JERUSALÉM
“E levou-me em espírito a uma grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu”.
1 - “...a santa Jerusalém”. Devemos observar que no versículo 2, deste capítulo, essa cidade é chamada de (“nova”), enquanto que agora no presente versículo de (“santa”). A diferença é apenas em relação ao tempo. Tudo sugere uma cidade literal: ouro, ruas, dimensões, pedras. Ela desce do céu, pois é impossível construir uma cidade santa aqui. O versículo 10 desta secção tem uma ação retrospectiva; enquanto que o versículo 2, prospectiva; no versículo 2, João contempla esta nova cidade já na (“eternidade”) como capital do “Novo Céu e da Nova Terra”. Porém, o nome s erá o mesmo que o Senhor lê deu durante o Milênio: “Jerusalém-Shammah” – isto é, O Senhor está ali (Ez 48.35). A frase no texto e contexto: “...de Deus descia do céu”, significa: desceu para a terra no início do Milênio (v.10); enquanto que no versículo 2, o significado do pensamento deve ser: desceu para a nova terra já na Eternidade. A concebida como algo encobria o monte, mas como algo que descia o local próximo, conforme se ver descrito em Ez 40.2.
“E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente”.
2 - “..semelhante a uma pedra preciosíssima”. A glória da cidade do senhor, do presente texto, é comparada a uma pedra (“preciosíssima”). Por igual modo, a salvação que os homens recebem de Cristo não tem descrição em palavras, não podendo ser calculado o seu valor. Isso envolve até mesmo a obtenção de “toda a plenitude de Deus”. Isso indica também particularmente, a presença de Deus, e não somente sua manifestação ocasional como acontecia no antigo tabernáculo montado no deserto (Êx 40.34). Essa situação fará a glória divina a “Shekinah”, vir habitar permanentemente com os santos, pois a frase em si: “...o Senhor está ali” (Ez 48.35) no seu equivalente ocorre três vezes aqui (vs. 3, 22; 22.3). No deserto a nuvem especial servia de sombra, aqui, porém, só de luz da cidade, como já ficou demonstrado, compara-se ao ofuscar do jaspe, como cristal resplandecente, isto é, tem uma glória como a do Criador, cuja aparência se diz ser como a de pedra jaspe (4.3).
 “E tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos de Israel”.
3 - “...com doze portas”. O número (“12”), com seus cognatos, ocorre mais de 400 vezes na Bíblia e é extremamente importante. Neste livro ocorre cerca de (“20”) vezes, e permeia o governo patriarcal, apostólico e nacional. Temos, assim: “As 12 estrelas (12.1); os 12 anjos (12.12); as 12 tribos (21.12); os 12 fundamentos (21.14); os 12 frutos (22.2); as 12 portas (21.12, 21); as 12 pérolas (21.21); entre os múltiplos de 12 temos: 12.000 estádios (21.16); 12.000 selados (7.5-8); 144.000 é um número formado de 12 vezes 12.000 (14.1); 24 anciãos e 24 tronos (4.4; 11.16), são também especiais”. Todos esses números se relacionam agora com a Jerusalém celestial, na qual se viam 12 portões como sendo 12 pérolas, 3 de cada lado do quadrado (21.21). Em cada portão havia a gravação do nome de uma das 12 tribos de Israel. Em Ez 48.31-34, há uma descrição semelhante da nova Jerusalém durante o Reino Milenial de Cristo.
“Da banda do levante tinha três portas, da banda do norte três portas, da banda do sul três portas, da banda do poente três portas”.
4 -  “...tinha três portas, etc”. Na antiga cidade de Jerusalém terrestre, havia também 12 portas, sendo, por assim dizer, uma cópia da Jerusalém celestial (cf. Hb 8.5 e 9.23); essas portas estavam também nas cardeais; ladeavam toda a cidade de Davi: a porta do gado (Ne 3.1); a porta do peixe (Ne 3.3); a porta velha (Ne 3.6); a porta do vale (Ne 3.13); a porta do monturo (Ne 3.14); a porta da fonte (Ne 3.15); a porta da casa de Eliasibe: sumo-sacerdote (Ne 3.20); a porta das águas (Ne 3.36); a porta dos cavalos (Ne 3.28); a porta oriental (Ne 3.29); a porta de Mifcade (Ne 3.31); a por ta de Efraim (Ne 8.16). “Isso pode ser comparado também ao acampamento de Israel, onde havia o arranjo das tribos de acordo com direções dos pontos cardeais: A leste ficava Judá, Issacar e Zebulom; Ao sul, Rúben, Simeão e Gade; A oeste, Efraim, Manassés e Benjamim; E ao norte, Dã, Asser e Naftali. Números capítulo 2.
“E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”.
5 -  “...doze apóstolos do Cordeiro”. Devemos observar que, cada vista da cidade se menciona o (“Cordeiro”), e a referência sétupla a ele (21.9, 14, 22, 23, 27; 22.1, 3) indica que embora Cristo entregue o reino ao Pai, não obstante partilha-o com os remidos. Os Apóstolos do cordeiro, mostram nisso sua importância, tanto naquilo que eram como naquilo que faziam. Porém, Cristo Jesus é quem dá por empréstimo o seu valor àqueles, o que significa que eram grandes somente por sua causa. Não obstante, os Apóstolos e profetas são grandes, tal como todos os homens o são, uma vez que sejam transformados segundo a imagem de Cristo, já que participação da sua natureza divina. Na nova Jerusalém o divino se combinará com o humano, da mesma maneira que o número três, multiplicado pelo número do mundo “quatro”, resulta em doze. Assim cumpre-se a frase: “...para o humano se tornar divino, foi necessário que o divino torna-se humano”. Na cidade do Deus vivo, o humano se encontra com o divino absorve o humano, menos a individualidade (2Co 5.4).
“E aquele que falava comigo tinha uma cena de ouro, para medir a cidade, e as suas portas, e o seu muro”.
6 -  “... para medir a cidade”. O texto em foco, mostra-nos um anjo que trazia “...uma cana de medir” para medir a grandeza da cidade do senhor. “Neste ponto, a cidade, ao ser medida, dá a entender a sua total importância e consagração, em todas as suas partes, trazida ao padrão exato das exigências de Deus; outrossim, fica entendido o cuidado de Deus, dali por diante, cada partícula de sua Santa Cidade, para o mal não a atinja”. É a medição que exibe a beleza e as proporções da cidade, a qual agora viverá em paz. O ouro é uma das grandes características dessa cidade; as ruas são de ouro; isso pode representar o rico resplendor da cidade real (cf. 1Rs 10.14-21; Sl 77.15); mas a riqueza daquela cidade será o amor. Essa “medição”, sem dúvida, denota o caráter e ideal da Igreja eterna, o conhecimento e a nomeação divina da mesma (Ez 42.16; Ap 11.1).
 “E a cidade estava situada em quadrado; e o seu comprimento era tanto como a sua largura. E mediu a cidade com a cana até doze mil estádios: e o seu comprimento, largura e altura eram iguais”.

7 - “...doze mil estádios”. Segundo os rabinos, o estádio era uma oitava da milha romana, ou seja, cerca de 185 metros. Portanto, doze mil estádios correspondem mais ou menos a 2.200 quilômetros. Porém, devido à ambigüidade das conforme é observada no grego, os intérpretes diferem imensamente no que se refere ao seu formato tencionado. “Os judeus dizem acerca de Jerusalém que, no porvir, ela será tão grande e ampliada que atingíra os portões de Damasco, sim, até ao trono da glória”. Cremos que realmente a nova Jerusalém terá, sem dúvida, essas dimensões em foco nesta secção, isto é, 12.000 estádios. “Doze mil estádios multiplicados por cento e oitenta e cinco metros, e o resultado elevado à terceira potência dará a medida cúbica da cidade: (“dez bilhões, novecentos e quarenta e um milhão e quarenta e oito mil quilômetros”). A grandeza da cidade assegura lugar para todos!”.
 “E mediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro côvados, conforme à medida de homem, que é a dum anjo”.
8 -  “...à medida de homem”. Essa expressão (“à medida de homem, que é a dum anjo”) tem deixado alguns teólogos perplexos. Provavelmente isso deriva do fato de que o côvado era uma medida tomada com base na estrutura do corpo humano, o comprimento entre a ponta do dedo médio da mão e a junção do cotovelo. Para ocidentais, o côvado mais conhecido é o francês: 66 centímetros, mas o côvado mencionado na Bíblia é o hebraico: 50 centímetros, aproximadamente. Apesar da cidade ter aproximadamente 555 quilômetros de altura, o seu muro é bastante baixo (cerca de 72 metros) para nós aqui na terra; mas, segundo se diz que, no céu ele é bastante alto. Pois é importante lembrarmos que lá não existe ladrão! Há outras possíveis interpretações sobre a medida do anjo, vista nesta secção. “Supõe-se que esse “côvado” é uma medida angelical, não do mesmo comprimento do côvado humano, sendo antes cerca de 180 centímetros, isto é, da altura de um homem. Mas essa opinião é extremamente improvável”. É evidente que 144 côvados, refere-se a medida estabelecida acima, isto é, cerca de 72 metros.
“E a fábrica do seu muro era de jaspe, e a cidade de ouro puro, semelhante a vidro puro”.
9 -  “...a cidade de ouro”. O livro do Apocalipse traz muitas alusões ao “ouro”. Para o leitor curioso, esta lista é provida: (1.12, 13, 20; 2.4; 3.18; 4.4; 5.8; 8.3; 9.7, 13, 20; 14.14; 15.6, 7; 17.4; 18.12, 16; 21.15, 18, 21). Mas a maioria das referências aludi ai ouro de qualidade celestial. Será um ouro transparente, de qualidade metafísica, o da cidade do Senhor! Presumivelmente de uma qualidade desconhecida na terra. será um “ouro” celeste, de origem divina. “O ouro é emblema da natureza divina (Jó 22.25), difundido por todo o mundo, por causa da fusibilidade desse metal”. Alguns intérpretes instem aqui em um material literal, mas a maioria deles vê o ouro como símbolo de dignidade, valor, pureza e natureza exaltada do caráter da Noiva. Mas essa opinião não se coaduna com a natureza do argumento principal. Seja como for, importantíssimo aparece aqui, e, evidentemente, refere-se mesmo ao “ouro”, mas de natureza celestial.
“E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de todas a pedra preciosa. O primeiro fundamento era jaspe; o segundo, safira; o terceiro, calcedônia; o quarto, esmeralda”.
10 -  “...os fundamentos”. Notemos que as várias pedras preciosas mencionadas são essencialmente paralelas às pedras do peitoral do Sumo Sacerdote, conforme se depreende em Êx 28.17 e ss; 39.10 e ss; Na Septuaginta (LXX) feita do hebraico para o grego essas pedras também são vistas no adorno das vestes do rei de Tiro: literalmente, o monarca Itobal II. Ez 28.13.
1. No livro do Êxodo, cada pedra recebeu a gravura do nome de uma tribo, mas no Apocalipse, cada pedra tem o nome de um Apóstolo do Cordeiro. No versículo 14 do presente capítulo, é dito que o “...muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”; é evidente que estas pedras correspondam aos nomes desses personagens respectivamente. 2Pd 2.5:
(a) Jaspe (Pedro). Isso pode ser confrontado com Ap 4.3, onde o Deus supremo aparece em uma manifestação visível com a aparência de jaspe. A simbologia aqui empregada mostra sua natureza divina; será verdadeiramente, uma habitação apropriada para Deus, para Cristo e para seu povo. Esse jaspe é como uma pedra luminosa, “cristalina” que refletirá por assim dizer, a glória de Deus, tal como os remidos são a “imagem de Deus” em Cristo. “O jaspe oriental é extremamente duro, quase indestrutível. As colunas feitas dessa pedra têm perdurado alguns milênios, e parecem nada ter sofrido dos estragos do tempo”. O material da muralha, portanto, se reveste de igual importância com a sua altura, valor infinito e duração infinita, qualidades que pertencem às pedras mais preciosas;
(b) Safira (André). Podemos comparar o presente texto, com Is 44.11 e Ez 1.26. Talvez se trate do (“láios lazúli”), ao passo que a moderna safira talvez seja o “jacinto” do vigésimo versículo . Plínio descreve a pedra aqui mencionada (sappheiros) como uma pedra opaca e rajada com tracinhos de ouro... procedia da Média, Pérsia e Bocara, essa pedra era opaco azulada:
(c) Calcedônia (Tiago). Assim chamada por proceder da Calcedônia, onde era  encontrada nas minhas de cobre. Provavelmente era uma esmeralda de qualidade superior à que conhecemos atualmente. Plínio informa-nos que ela era pequena e quebradiça e que era fruta-cor. Não possuímos maiores detalhes sobre esta pedra, calcedônia: este é o único lugar onde essa palavra figura em todas as Escrituras:
(d) Esmeralda (João). Essa palavra aparece em Ap 4.3. Dentre todos os escritores antigos que conhecemos, Heródoto foi o primeiro a mencionar essa pedra. Ele visitou um templo dedicado a Hércules, em Toro, adornado de esmeralda. Havia ali duas colunas, uma de ouro puro e a outra de esmeralda, que “brilhava com grande fulgor à noite”. A que foi vista por João na muralha da cidade celeste, ultrapassa todas as perspectivas daquela contemplada por Heródoto, em Tiro.
 “O quinto sardônica; o sexto, sárdio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o décimo, crisópraso; o undécimo, jacinto; o duodécimo, ametista”.
11 -  “...o quinto e ss”. O presente versículo, é a continuidade da lista das pedras iniciada no versículo anterior.
-  Seguiremos aqui a ordem anterior do versículo 19 deste capítulo:
(e) Sardônica (Filipe). Era uma bela e rara forma de Ônix, assim chamada devido à sua semelhança com as veias brancas e amarelas da unha humana. (No grego: “onuks”). Em tempos antigos, evidentemente essa pedra era chamada “Ônix”, quanto a pedra era rajada ou salpicada de branco:
(f) Sárdio (Bartolomeu). Essa pedra também é encontrada em Ap 4.3. Era de cor vermelha, usualmente rebrilhante. Sua cor vermelha se aplicava à pessoa de Cristo, como a vitima da expiação no holocausto da cruz:
(g) Crisólito (Tomé). O termo grego subentende uma pedra de cor dourada. Plínio a descreve como “translúcida e com um tom dourado”. Está em foco o topázio, que é um quartzo amarelo:
(h) Berilo (Mateus). De acordo com Plínio, essa pedra se assemelhava ao verde mar. Talvez tenha sido uma espécie de esmeralda, embora muitos eruditos pensem que era uma espécie de pedra inferior àquela; mas em sentido
natural é esmeralda. Ez 1.16; 10.9; 28.13:
(i) Topázio (Tiago, filho de Alfeu). Essa é a nossa pedra “peridot”. Alguns estudiosos afirmam que o topázio era desconhecido dos antigos, mas isso parece impossível. A pedra aqui mencionada era de cor verde-amarelado. Jó 38.19;
Ez 28.13:
(j) Crisópraso (Lebeu, apelidado Tadeu). Devida-se do grego que significa “alho de ouro”. Essa pedra era de cor verde-dourado e translúcido, e se assemelhava a um alho, do formato do (“mundo ocidental”). Plínio pensava que essa pedra era uma variedade de berilo; uma pedra bastante conhecida de todos:
 (l) Jacinto (Simão Cananita). Essa pedra, segundo os antigos, era usada para lembrar um belo jovem, que segundo a mitologia grega, foi morto durante um jogo de disco. O termo grego aqui empregado indica a pedra preciosa que leva esse nome. Sua cor podia ser vermelha, vermelho-escuro, azul-escuro ou púrpura:
(m) Ametista (Matias). O termo grego significa “não estar bêbado de vinho” por causa da noção de que a pedra evitava a intoxicação alcoólica. Essa pedra é a quartzo ametistino, ou cristal de rocha, que pode receber um tom purpurino, devido ao manganês ou do ferro. É evidente que estas doze pedras preciosas, são responsáveis por cada cor durante um (“mês”) na cidade celestial (22.2).
 “E as doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era uma pérolas; e a praça da cidade de ouro puro, como vidro transparente”.
12 - “...as doze portas eram doze pérolas”. Há uma promessa para a Jerusalém terrestre durante o período milenial. Em Is 54.12, diz: “E as tuas janelas farei cristalinas, e as tuas portas de rubins...”. A pérola é a única jóia que a arte humana não consegue aprimorar. Instrumentos podem dar lustro a outras pedras. Mas a perfeição da pérola deve ser algo original e inerente a ela mesma. As bênçãos mais profundas de Deus, na Nova Jerusalém, não poderão ser melhoradas, porquanto, participam da perfeição da própria perfeição de Deus. Ainda sobre essa jóia tão importante, encontramos em Mt 13.45, 46 a parábola da pérola de grande valor que em uma interpretação comum representa a Igreja comprada pelo “precioso sangue de Cristo”. No presente texto, a pérola significa unidade, pureza e amor. Uma porta de pérola conforme o tamanho das portas daquela cidade! Só Deus e mais ninguém possui tal riqueza! Mas ali tudo é dele e para ele.
 “E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro”.
13 -  “...nela não vi templo”. Cada um desses versículos traz particularidades que distinguem o estado eterno do Reino Milenial. As sombras aqui agora dão lugar à substância (cf. Hb 8.5 e 9.23). No Milênio havia o sol e a lua que iluminava. Havia também templo, por mão humana (Ez capítulos 40-48). Mas na nova Jerusalém celestial não são necessários. Em algum sentido todos os templos, (isto é, o de Salomão. 1Rs capítulo 6; o de Esdras. Ed capítulo 6; o de Herodes. Jo 2.20; esse que será construído pelos judeus (Dn 9.27; Mt 24.15; 2Ts 2.4), e o templo escatológico de Ezequiel (usado no Milênio). Ez capítulos 40 e ss, todos são tratados como uma só casa: (“a casa de Deus”), visto que todos professaram ser isso). Aqui, porém, no texto em foco, não haverá mais templo: “porque o seu templo (da cidade) é o Senhor”. A cidade inteira será então um só santo templo de Deus. Como observa Lang, “A nova Jerusalém não terá lugar para abrigar ao Senhor, porquanto ela mesma será abrigada por ele. Ele armará tabernáculo sobre eles (7.15). Seus habitantes habitarão sob sua luz manifesta e abrigadora”.
“E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua lâmpada”.
14 -  “...não necessita de sol nem de lua”. No versículo anterior João viu que a cidade não precisa de santuário, isso equivale a dizer que toda a cidade é o próprio santuário, pois Deus e o Cordeiro são seu próprio santuário (Jo 2.21). A cidade brilha desde seu interior, não precisando de qualquer iluminação externa. A luz de Cristo atravessa em todas as direções, por tratar-se de ouro transparente, e nada pode impedir a difusão dos raios luminosos de Cristo. Assim fica demonstrado que, a cidade celeste não necessita de luz, nem mesmo de sol. Entretanto, na cidade terrestre (na era milenial) haverá necessidade de luz, como podemos ver em Is 30.26, pois haverá noite e haverá dia: fatores da vida física (cf. Is 24.23-30). Agora na presente era, os remidos andam por fé, vêem as coisas celestes “...refletindo como um espelho” (2Co 3.18); mas ali tudo será alterado.
“E as nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra”.
15 -  “...as nações”. Cronologicamente falando, a última vez que lemos neste livro sobre (“nações terrenas”), é em 20.8; aqui, portanto, e, nas secções que se seguem (21.26 e 22.2); trata-se de (“nações celestiais”). Por três vezes são mencionadas as nações aqui. O Milênio aqui já é passado (obedecendo a ordem cronológica dos acontecimentos). É verdade que palavra “nação” empregada nos versículos (24, 26; 22.2), não contenha certos elementos que lhe pertencem quando se refere às “nações gentílicas”, mas o sentido de “nação” lhe é inerente. Assim podemos depreender que essas nações não soa mais os convertidos da era milenial, a menos, que trate-se de uma secção  (“tópica”) e não (cronológica”).Mas, se assim for, esses versículos estariam deslocados de suas posições. Essas nações, portanto, devem ser “nações santas” já numa forma de vida (cf. 1Pd 2.9; Ap 5.9; 7.9-14). A menos que numa ação retroativa sejam as nações mileniais que aqui são contempladas (Zc 14.16). Mas dificilmente isso se harmoniza com o argumento principal.
 “E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite”.
15 - “...suas portas não se fecharão”. O Dr. J. A. Seiss diz aquilo que segue: “A hospitalidade da cidade santa será suprema em todos os seus aspectos. Há uma rica e calorosa cidade de portões abertos. Ela oferecerá o dom das portas abertas a todos os peregrinos da luz. Onde quer que os homens tenham visto estrelas de esperança no firmamento noturno e tenham querido viajar para a pátria da expectação, têm pertencido à companhia daqueles que foram acolhidos pelas portas abertas da cidade de luz. Em paz durante o dia, as portas da cidade estarão abertas; e nem haverá noite ali”. Uma cidade é um centro de cooperação, harmonia e governo, e, colocada sobre um monte, é bem evidente (Mt 5.14; Ap 21.10). Na capital do céu, tudo será paz, pois o oxigênio espiritual nela existente será o amor. Não haverá nela trevas, nem pecado, nem egoísmo, nem violência, coisas que encobrem os corações dos homens como uma noite tenebrosas. Mas, seja como for, “ali não haverá noite!”.
“E a ela trarão a glória e honra das nações”.
16 - “...glória e honra”. Na era presente e honra e a glória que pertencem a Deus, em muitas das vezes, têm sido dedicadas a outras criaturas (cf. Is 42.8; Rm 1.19 e ss). Porém, na cidade do Senhor, isso não acontecerá, pois ali toda a honra e toda a glória e todo o louvor, só serão dados a Deus e ao Cordeiro, porque merecem (5.12, 13). A cidade será o objeto especial e eterno da riqueza das nações. Assim essa linda cidade denominada “nova Jerusalém”, não é a mesma Jerusalém do mundo atual; “a Jerusalém deste mundo pode penetrada por quem quiser nela entrar; mas a do mundo vindouro não poderá ser penetrada por ninguém, exceto por aqueles que estiverem preparados e foram nomeados para ela”. As Escrituras nos levam a entender que, na Nova Jerusalém celeste não poderá sobreviver seres humanos, mas, só celestiais. As nações convertidas durante o Milênio, serão (“transformadas”) quando “o céu e a terra” passarem (20.11); enquanto que os mortos da era milenial, serão ressuscitados numa nova forma de vida (cf. Dn 12.2; Jo 5.29). E, assim num contexto demonstrativo do significado do pensamento diz Paulo: “...assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial”.
“E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro”.
17 - “...não entrará nela coisa alguma que contamine”. O presente texto nos faz lembrar das palavras de Platão, quando dizia: “Na vida presente, penso que nos aproximamos mais do conhecimento quanto menor for a nossa comunhão e ligação com o corpo (o corpo do pecado), não sendo infectados pela natureza do corpo (que é má), mas antes permaneceremos puros até a hora em que o próprio Deus agradar-se em libertar-nos... nenhuma coisa impura (há não ser por meio de Jesus) terá licença de aproximar-se do puro”.
  • -  Só os que estão inscritos.O contexto seguinte diz: “...no livro da vida do Cordeiro”. Entre os livros escritos com tintas e outras não, encontramos os seguintes:
(a)  O livro da consciência. Rm 2.15; (b) O livro da natureza. Sl 19.1-14; (c) O livro da lei. Rm 2.12; (d) O livro do evangelho. Rm 2.16; (e) O livro das memórias. Lc 16.25; (f) O livro(s) das obras humanas. Ap 20.12; (g) O livro da vida. O livro da vida do Cordeiro é o livro que dá admissão ao mundo eterno. A missão plena de Jesus Cristo, derramando o seu sangue, foi para conduzir-nos a Deus, em sua real presença. Seu título, “Cordeiro”, faz subentender tudo isso. O livro da vida é o livro de uma infinita compaixão, porque contem, exclusivamente, nomes de ex pecadores. Está aberto para todos; e, no entanto, muitos desprezam as suas promessas.
(Extraído e adaptado; Apocalipse, Versículo por Versículo – Severino Pedro da Silva – CPAD)
CONCLUSÃO
- Contudo, nos resta batalharmos dia e noite para a cada momento em nossas vidas nos aproximarmos mais de Deus com esta esperança de estarmos sempre com o Senhor, onde seremos consolados das aflições desta vida (Assunto das lições do próximo Trimestre) e habitaremos na real morada pela qual nos preparou o nosso Senhor! Aleluia!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Lição 12


O JUÍZO FINAL
O final da história da humanidade é o instante em que o homem, constituído para ser o mordomo sobre a criação na Terra, terá de prestar contas para o seu Criador.

INTRODUÇÃO
- Deus fez o homem dotado de livre-arbítrio, ou seja, o homem foi feito com poder de escolha, com liberdade para fazer o bem ou o mal. Entretanto, a liberdade tem um outro lado: a responsabilidade. Desta forma, todas as escolhas feitas pelo homem trazem consequências, que devem ser suportadas pelo próprio homem. O homem, queira ou não, é responsável pelos seus atos e deverá prestar contas ao seu Criador.
- A responsabilidade é, portanto, um traço da humanidade, uma característica ínsita à natureza humana e, por isso, todos os homens, salvos ou pecadores, têm de ser julgados diante d’Aquele que é o Senhor de todas as coisas, do nosso Deus. O último destes julgamentos é o chamado “julgamento final”, ou “juízo final” ou, ainda, “juízo do trono branco”,que é, propriamente, o tema de nossa lição.
I – OS JULGAMENTOS PREVISTOS PARA OS HOMENS
- Na continuidade do terceiro e último bloco de nosso trimestre, em que estamos a ter uma visão superficial e muito breve do livro do Apocalipse, a partir do capítulo 4, estudaremos hoje o julgamento do mal, que se mostra a partir do capítulo 16 do livro do Apocalipse.
- O homem é livre e, portanto, responsável pelas suas escolhas. Isto é consequência da sua natureza humana. Deus o fez assim e, portanto, cada ser humano, independentemente de obedecer a Deus ou não, tem de responder pelos seus atos. A prova disto é que a responsabilidade do homem lhe foi anunciada antes mesmo que tivesse pecado. Ao colocar o homem no jardim que havia formado no Éden, Deus disse ao homem que ele poderia comer de todas as árvores do jardim, com exceção da árvore do conhecimento do bem e do mal, tendo, então, estabelecido a responsabilidade: “…no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn.2:17b). Quando julgou o primeiro casal, Deus invocou esta responsabilidade (cfr. Gn.3:11) e, em virtude disto, sentenciou-os à expulsão do Éden e à separação entre Deus e o homem.
- A partir de então, Deus estabeleceu o primeiro julgamento a que deve se submeter cada homem: o juízo após a morte física. Em virtude do pecado, Deus ordenou que os homens morressem fisicamente, o que não lhes havia sido determinado ao princípio: “…até que se tornes à terra, porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás.” (Gn.3:19 “in fine”). A morte física é o primeiro julgamento que é feito ao homem em virtude dos atos que praticou durante a sua existência terrena. É o que vemos em Hb.9:27: “ e, como aos homens, está ordenado morrerem uma vez, vinde depois disso o juízo.”
- A morte física é o primeiro instante do processo de julgamento de cada ser humano. Cada homem (ou seja, ser humano, homem ou mulher) foi constituído como mordomo da criação na Terra, ou seja, foi constituído por Deus para dominar sobre a Terra e sobre tudo o que nela existe, tendo de prestar contas ao Senhor após o término de seu trabalho, assim como se ilustra na parábola dos talentos (Mt.25:14-30) ou das minas (Lc.19:11-27). Com a morte física, temos o que, na atualidade, denominaríamos de “juízo preliminar” ou “juízo provisório”.
- Neste julgamento, é decidido onde o indivíduo aguardará o julgamento definitivo, que se dará em momentos diferentes, conforme as opções feitas pelo homem durante sua vida. Dois são os locais onde os homens, atualmente, aguardam o julgamento: o Paraíso e o Hades. É oportuno observar que, enquanto os homens já mortos não são submetidos a julgamento, mantêm-se plenamente conscientes, como nos ensina Jesus na história do rico e Lázaro (Lc.16:19-31) ou nos mostra o próprio livro do Apocalipse, ao falar das mártires na Grande Tribulação (Ap.6:9-11).
- O primeiro julgamento definitivo que ocorrerá será o julgamento da Igreja, daqueles que creram em Jesus e Lhe foram fiéis até o fim, pois, como nos diz o apóstolo Pedro, o julgamento começa pela casa de Deus (I Pe.4:17). Este julgamento faz-se necessário porque a Igreja, embora tenha alcançado a salvação pela fé em Jesus, é formada de seres humanos e todos os homens devem responder pelo que fizeram em sua existência, independentemente da sua condição espiritual, pois isto decorre da própria natureza humana e Deus não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; Cl.3:25).
- O julgamento da Igreja é o chamado “tribunal de Cristo”, que ocorrerá logo após o arrebatamento da Igreja, antes das bodas do Cordeiro. Neste tribunal, os crentes serão julgados pelas obras que tiverem feito por meio do corpo, ou bem, ou mal (Rm.14:10; II Co.5:10). Este julgamento não envolve salvação ou perdição, pois todos os crentes que forem arrebatados estarão salvos,porque lhes foi dada a “pedra branca da absolvição” (Ap.2:17), mas serão julgadas as obras com vistas à entrega de recompensas, do “galardão” (Ap.22:12).
- Nesta oportunidade, muitos serão surpreendidos, pois Deus conhece o coração do homem (I Sm.16:7) e sabe a qualidade de tudo o que está sendo feito em Sua obra, não atentando para a aparência, como sói ocorrer conosco. Diante disto, muitos que, aparentemente, terão feito muito pela obra do Senhor, nada receberão, porquanto suas obras serão consideradas como palha, como madeira, sem condição de resistir ao crivo divino e outros, que, aparentemente, nada teriam feito pelo Senhor, receberão galardões, pois trabalharam em silêncio, sem alarde, mas com dedicação e real devoção. Os critérios do julgamento e o seu tratamento são descritos em I Co.3:12-15.
- O segundo julgamento é o julgamento de Israel, o povo escolhido de Deus. A Grande Tribulaçãoserá o instante em que Deus tratará com a nação israelita e, ao término da Grande Tribulação, Deus terá provado este povo e só o remanescente será salvo.
- Aqui, de imediato, vemos uma diferença entre quem fez parte do arrebatamento e quem não fez: enquanto que o julgamento da Igreja não envolve salvação ou condenação eternas, os demais julgamentos têm em vista o destino eterno dos indivíduos. Na casa de Deus, na Igreja vitoriosa e glorificada, os crentes não correm risco de perder a vida eterna, conquistada pela fé em Cristo Jesus, mas, tanto em Israel quanto entre os gentios, o julgamento divino envolve a possibilidade concreta e bem provável de se viver eternamente sem Deus e sem salvação.
- Por isso, aproveitemos enquanto é dia, enquanto o Senhor está perto, na atual dispensação, para ouvirmos ao chamado do Senhor e O aceitarmos como nosso único e suficiente Salvador! Estamos ainda no ano aceitável do Senhor e não percamos esta oportunidade, a fim de fugirmos do dia da vingança do nosso Deus (Is.61:2). Não desprezemos o refrigério que nos é oferecido pelo Senhor (At.3:19).
- O julgamento de Israel e das nações se dará ao final da Grande Tribulação. Quem aceitar a Cristo e rejeitar a besta alcançará a salvação em Israel. É o remanescente que será salvo (Rm.9:27), porque se arrependerão de seus pecados e aclamarão a Jesus como o Messias (Zc.12:10). Os que, entretanto, se deixaram levar pelas promessas do Anticristo e cerraram fileiras ao lado dele, estarão irremediavelmente perdidos.
- Os mortos que morreram pela causa de Cristo durante a Grande Tribulação ressuscitarão e reinarão com Cristo durante o milênio, juntamente com a Igreja, após terem sido julgados pelas suas obras, no juízo que se estabelecerá logo após a batalha do Armagedom, o chamado “julgamento das nações” (Ap.20:4). Este julgamento terá como finalidade apartar os bodes das ovelhas, ou seja, decidir quem passará com Cristo o reino milenial e quem não passará o milênio, ficando a aguardar o julgamento final e definitivo. Neste julgamento, serão ressuscitados apenas aqueles que desfrutarão o milênio com Cristo, os bem-aventurados que completam o número daqueles que tomam parte da primeira ressurreição (Ap.20:6). Os demais indivíduos, com exceção do Anticristo e do Falso Profeta, que já terão sido lançados vivos no lago de fogo e de enxofre, que será inaugurado naquela oportunidade (Ap.19:20), aguardarão o julgamento que ocorrerá somente ao término do Milênio.
- O terceiro e último julgamento previsto para a história da humanidade é o chamado “julgamento final” ou “juízo final” ou, ainda, o “juízo do trono branco”, que terá lugar depois do término do reino milenial de Cristo, em seguida ao juízo que porá fim a esta dispensação. Logo após os rebeldes serem devorados pelo fogo do céu que cairá sobre os exércitos que estarão a cercar o lugar santo em Israel (Ap.20:7-10), terá findado a história humana. O tempo deixará de existir (Ap.20:11) e Deus chamará à Sua presença todos os seres humanos que foram criados e que ainda não tinham sido julgados até então, ou seja, todos os homens que não pertencem nem à Igreja, nem ao Israel salvo nem ao grupo dos mártires da Grande Tribulação, que já terão sido julgados. Estes outros homens são os que serão levados a julgamento neste último grande tribunal da história.
II – O LANÇAMENTO DO JUÍZO DIVINO SOBRE A HUMANIDADE NA GRANDE TRIBULAÇÃO; O JULGAMENTO DAS NAÇÕES E A EXECUÇÃO DO JUÍZO SOBRE O DIABO E SEUS ANJOS
- Conforme vimos na lição anterior, após ter sido dada a última oportunidade para a humanidade se arrepender, através da pregação do evangelho eterno por três anjos evangelistas, iniciar-se-á a “hora de segar”, o instante da colheita, o momento de os homens receberem o que merecem por não terem aceitado a Cristo Jesus como seu Senhor e Salvador (Ap.14:14,15).
- Sabemos todos que, em virtude do pecado, o homem se encontra irremediavelmente perdido e destituído foi da glória de Deus (Rm.3:23) e, sem Cristo, não lhe resta senão sofrer a ira de Deus, que sobre ele permanece desde o momento em que pecou (Jo.3:36).
- No entanto, desde o instante em que Cristo veio ao mundo, iniciou-se o tempo da graça de Deus, que, tendo trazido a salvação aos homens, não permitiu que o juízo fosse lançado enquanto o homem vivesse sobre a Terra, dando-lhe oportunidade para que se arrependesse dos seus pecados. Assim foi que, durante largo tempo na história da humanidade, manteve aqui a Igreja, com a missão de pregar o Evangelho a toda a criatura por todo o mundo (Mc.16:15), testificando de Cristo até os confins da Terra (At.1:8), além de, por sinais, prodígios e maravilhas, confirmar a palavra de salvação que fora pregada (Mc.16:20; Hb.2:3,4).
- Mesmo após o arrebatamento da Igreja, consoante estudamos na lição passada, o Senhor, na Sua infinita misericórdia, fez com que os 144.000 (cento e quarenta e quatro mil) e as duas testemunhas pregassem o Evangelho do reino, que levou à conversão de muitos, todos estes, como também vimos, inevitavelmente mortos pelo Anticristo.
- Mas, desde que a Igreja foi arrebatada, o Senhor, também, ao lado da pregação do Evangelho do reino, não deixou de demonstrar o Seu desagrado para com os impenitentes, iniciando a demonstração do juízo divino, numa paulatina e longânima diminuição do exercício da Sua misericórdia.
- Ao permitir a ascensão do Anticristo, fez com que um rastro de destruição e morte acompanhasse a falsa paz propalada pela besta, como se vê no tocante à abertura dos seis primeiros selos(Ap.6), sendo que, no sexto selo (Ap.6:12-17), temos a evidência da soberania divina, quando uma série de fatos da natureza revelam aos homens, sem qualquer dúvida, de que o Anticristo não era um deus, nem tampouco poderia ser adorado.
- Em seguida à abertura do sexto selo, que é seguido pela proclamação do Anticristo como um deus, no auge de seu reinado, o Senhor dá prosseguimento o derramamento de Sua ira sobre o mundo, mas o faz ainda parcialmente, através das sete trombetas (Ap.8,9 e 11:15-19), ainda abrindo a oportunidade para que os homens se arrependam através da pregação angelical.
- Terminada esta pregação, porém, chega o momento da ceifa, da colheita, pois “…Deus não Se deixa escarnecer, porque tudo o que homem semear, isso também ceifará” (Gl.6:7). Este tempo da colheita, aliás, foi anunciado tanto por João Batista (Mt.3:12; Lc.3:17) como pelo próprio Jesus (Mt.13:40-42).
- Esta ceifa será determinada pelo próprio Senhor Jesus(Ap.14:14-16), que, aliás, desde o início do livro do Apocalipse, é apresentado, glorificado, não só como sumo sacerdote mas, também, como o supremo juiz.
- Esta ceifa começa com o lançamento das sete taçasque consumam a ira de Deus sobre a humanidade impenitente (Ap.15:1), as sete últimas pragas em que o Senhor completa o juízo iniciado com as sete trombetas. Eis um breve sumário das sete taças:
a) primeira taça– uma chaga má e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a sua imagem (Ap.16:2);
b) segunda taça– morte de todas as criaturas marinhas (Ap.16:3), terminando-se, assim, o que havia sido iniciado com a segunda trombeta (Ap.8:8);
c) terceira taça– as águas doces tornam-se em sangue, ou seja, deixam de ser potáveis (Ap.16:4), completando-se, assim, o juízo da terceira trombeta (Ap.8:10,11);
d) quarta taça– os homens são abrasados com grandes calores, o verdadeiro “aquecimento global” (Ap.16:9);
e) quinta taça– o reino da besta torna-se tenebroso (Ap.16:10);
f) sexta taça– secam-se as águas do rio Eufrates e espíritos de mentira convencem os governantes do mundo a guerrear contra o remanescente de Israel para destruí-lo totalmente (Ap.16:12-16);
g) sétima taça– o maior terremoto de todos os tempos (Ap.16:17-21).
- Por ocasião do grande terremoto, quando as nações da Terra já estarão reunidas no vale de Josafá (Jl.3:2), também chamado de vale do Armagedom (Ap.16:16), sob o comando do Anticristo, para a destruição do remanescente fiel de Israel, que, tendo rompido com o Anticristo logo após ter ele se declarado deus e profanado no templo, fugiu para esta região da Judeia (Mt.24:15-22), terá início a destruição do sistema gentílico rebelde contra Deus, a “Babilônia” de que fala o texto do livro do Apocalipse (Ap.17,18).
- Na batalha do Armagedom, o próprio Jesus, acompanhado da Igreja, aparecerá em glória nas nuvens dos céus e será reconhecido como o Messias pelos judeus que estarão na iminência de serem destruídos (Is.63:1-6; Ap.1:7; 19:11-19) e, mediante o reconhecimento dos judeus de que Jesus é o Messias, serão eles salvos e sobre eles se derramará o Espírito Santo, tornando-os o reino sacerdotal para o Milênio (Zc.12, 14; Jl.3).
- O Senhor vencerá o Anticristo e o Falso Profeta, como também os seus exércitos, e as duas bestas serão lançadas vivas no lago de fogo e enxofre(Ap.19:20), inaugurando este terrível local, que foi preparado para o diabo e seus anjos (Mt.25:41).
- Após o lançamento das bestas no lago de fogo e enxofre, o Senhor Jesus fará o julgamento das nações, ou seja, determinará quem participará do milênio e quem não o fará, separando, assim, os bodes das ovelhas (Mt.25:31-46). Todos que se levantaram contra Israel e creram nos espíritos de mentira que saíram da boca da trindade satânica, congregando-se contra o povo de Deus no vale do Armagedom (Ap.16:13,14), serão mortos (Ap.19:14).
- Somente serão poupados, para participar do reino milenial de Cristo o remanescente de Israel e as nações que não se aliaram ao Anticristo, que não aceitaram pôr o sinal da besta em suas testas e mãos, que creram na mensagem da pregação angelical do evangelho eterno.
- Em seguida a esta seleção, um anjo descerá do céu e aprisionará o diabo, que já terá sido precipitado na Terra por ocasião do início da manifestação da ira de Deus (Ap.12:7-9), lançando-o no abismo, lugar temido por todos os demônios (Lc.8:31; Jd.6), para que fique mil anos sem poder tentar a humanidade (Ap.20:1-3). “…O Senhor Jesus Cristo, o supremo juiz, já sentenciou Satanás a mil anos de prisão no abismo e não há advogado deste ou de qualquer outro mundo que possa anular ou mesmo atenuar esta sentença. Este abismo não é o inferno, o lago de fogo. O lago de fogo será inaugurado pela besta e pelo falso profeta (Ap.19:20). A prisão de Satanás terá duração de mil anos.…” (OLIVEIRA, José Serafim de.Desvendando o Apocalipse: o livro da revelação, p.128).
- Ao término do milênio, o diabo será solto e voltará a enganar as nações, levando-as a se rebelar, uma vez mais, contra o Senhor. Os rebeldes se reunirão e cercarão Jerusalém, mas a rebelião será desfeita mediante a descida de fogo do céu que a todos devorará (Ap.20:7-10), ocasião em que o diabo, então, será, juntamente com seus anjos, lançado no lago de fogo e enxofre, onde já terão estado, há mil anos, as bestas.
- “…A queda de Satanás nesta secção [Ap.20, observação nossa] alude, profeticamente, à queda de todos os poderes do mal, conforme se depreende da secção seguinte. Ele tinha já passado mil anos no abismo, mas isso foi uma ação intermediária. Agora, entretanto, ele sofrerá a sua derrota final e irá para seu destino. Finalmente, a cabeça da serpente é ferida para sempre (Gn.3:15). A vitória conseguida sobre o diabo no Calvário agora recebe operação completa. Sua queda será gradual. Ele será expulso dos ares para a terra e o mar no período da Grande Tribulação (Apo.12:9 e s.). Será aprisionado por mil anos (Ap.20:2 e s). E então, no texto em foco, derrotado completamente pela ação poderosa e imediata de Deus, mesclada de ira. Este capítulo do Apocalipse é a consolidação no que diz respeito a toda e qualquer revolta ou rebelião do ser humano ou de hostes espirituais do mal. O bem triunfará e o Cordeiro de Deus tirará definitivamente ‘…o pecado do mundo’ (Jo.1:29) e só existirá no Universo a semente do bem…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. 3.ed., p.258).
- Temos, então, a execução do julgamento de Satanás e de seus anjos. Falamos em execução, pois o diabo e seus anjos já foram julgados no instante mesmo em que pecaram contra Deus. O próprio Jesus, em Seu ministério terreno, já afirmara que o príncipe deste mundo já estava julgado (Jo.16:11). Aqui haverá a execução, o cumprimento deste julgado.
III – O JUÍZO DO TRONO BRANCO
- Como temos visto, Deus dotou o homem de liberdade e, portanto, o homem deve responder pelos seus atos. Esta responsabilidade exige um julgamento e Deus, como é justo, determina que todos os seres humanos sejam julgados pelos seus atos. Se entre os homens, tão falhos e imperfeitos, há a ideia de que é necessário fazer justiça, que podemos dizer de Deus, cujo caráter e natureza são em muito superiores aos dos homens?
- Deus, então, não poderia, mesmo, em vista de Seu caráter, encerrar a história da humanidade sem que chamasse à responsabilidade cada ser humano pelos atos que tenha praticado durante a sua existência, a fim de definir se, na eternidade que se seguirá à história, poderá, ou não, desfrutar da convivência eterna com o seu Criador, que é o objetivo precípuo de todo o plano estabelecido por Deus ao homem (Ap.21:3).
- O julgamento final é chamado de “juízo do trono branco”porque a narrativa bíblica se inicia com a visão de um “grande trono branco”, seguida da fuga da presença da terra e do céu (Ap.20:11). Ocorrerá depois do término do reino milenial de Cristo e, na Bíblia, este julgamento é explicitamente mencionado, pela primeira vez, por Daniel (Dn.7:9,10), sendo algo que era de pleno conhecimento dos judeus, como mostra Marta, irmã de Lázaro, quando se dirigiu ao Senhor quando Este chegou a Betânia quatro dias após a morte de Seu amigo (Jo.11:24).
- Antes mesmo da profecia de Daniel, a ideia de que Deus julgará os homens não era desconhecida dos judeus. O Antigo Testamento já nos permite vislumbrar esta realidade de um julgamento divino em relação ao homem, como se vê, por exemplo, em alguns salmos, como os de número.50, 75 e 94.
- O juízo do trono branco é o “último dia” da crença dos judeus, o dia em que todos irão ressuscitar e comparecer perante o Senhor para prestar contas do que tenham feito, entendido que não serão julgados nesta oportunidade nem a Igreja, nem os mártires da Grande Tribulação, nem o Israel salvo, que já terão sido julgados anteriormente, pois se constituem na “casa de Deus” (I Pe.4:17).
OBS: “…no último dia…se referia à noção judaica acerca do fim do mundo, isto é, do presente sistema mundano, quando o Messias chegasse a fim de estabelecer uma nova ordem neste mundo, restaurando a glória ao reino de Israel, ocasião em que haveria uma ressurreição geral dos justos, porquanto, segundo as ideias que os judeus faziam a respeito, os injustos ordinariamente não eram considerados dignos de fazer parte da ressurreição. O cristianismo, por outro lado inclui uma ressurreição geral para toda a humanidade, segundo se pode ver nos trechos de João 5:28,29 e Apo.20:4-6.…” ( CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado, com. Jo.11:24, v.2, p.468).
- Jesus também menciona este julgamento, quando profere o Seu sermão escatológico, como vemos em Mt.25:31-46, onde, explicitando o que já havia sido predito em Dn.7:13, ou seja, de que Ele próprio, o Filho do homem, haveria de efetuar o julgamento, diz que este julgamento se iniciará logo após a Sua vinda triunfal em glória (o “julgamento das nações” mencionado supra) e terminará com o “juízo do trono branco”, quando, então, serão separados definitivamente aqueles que irão para o gozo eterno e os que padecerão o tormento eterno para todo o sempre (Mt.26:46). Este processo, iniciado no “julgamento das nações”, somente se findará no “juízo do trono branco”.
- Este ensino de Jesus foi, depois, confirmado pelos apóstolos e pelos escritores do Novo Testamento. Paulo afirma que Jesus há de julgar os vivos e os mortos (II Tm.4:1), assim como Pedro (I Pe.4:5). Tiago, também, alerta para o fato de que todos serão submetidos ao julgamento divino (Tg.2:12,13; 3:1;4:12), assim como João (II Jo.8) e Judas (Jd.15).
- A ideia de que Deus julgará os homens, aliás, é uma ideia que perpassa por todos os povos e civilizações, sendo uma demonstração de que se trata de um conhecimento dado ao homem desde as mais priscas eras, algo que o inimigo não conseguiu apagar da memória do ser humano, pois há certos aspectos da divindade que não podem ser eliminados, até porque os homens comparecerão diante de Deus sem condição alguma de se desculpar (Rm.1:18-20). Já entre os egípcios, havia uma crença a respeito do julgamento a que são submetidos os mortos, crença esta que alguns estudiosos entendem tenha até influenciado a concepção judaica a respeito do tema. De qualquer maneira, é uma daquelas noções que se encontram em todos os povos, a mostrar, claramente, que não há como alguém escapar do juízo divino.
- Aliás, pelo que vemos nas Escrituras Sagradas, desde Enoque (Jd.14), o mundo tem sido confrontado com o julgamento divino, não tendo sido outro, aliás, o teor da mensagem de grandes homens de Deus ao longo da história da humanidade, como Noé (“o pregoeiro da justiça” – II Pe.2:5), Jonas (Jn.3:4 “in fine”) e João Batista (Lc.3:7-9).
IV – OBJETIVOS DO JULGAMENTO FINAL
- Deus terá encerrado a história humana. Com o devorar dos últimos rebeldes com fogo descido do céu e a execução da sentença lançada sobre o diabo quando de sua rebelião contra Deus, dizem-nos as Escrituras que a terra e o céu fugirão da presença do Senhor (Ap.20:11), ou seja, chega-se ao clímax, ao término da existência do Universo relativo, da criação que o Senhor havia feito e posto sob o domínio do ser humano.
- Assim, deixando de ter razão de ser a existência de todas as coisas que haviam sido criadas em função do homem, é chegado o instante de todos os seres humanos que já existiram e que ainda não foram julgados serem levados à presença do Criador, a fim de que prestem contas da mordomia de que foram investidos. Sem que isto ocorra, não é possível que sejam criados novos céus e nova terra, pois nosso Deus não é injusto nem Deus de confusão e a criação de novos céus e terra exigem a resolução de todas as questões morais pendentes na atual criação. Uma das finalidades do juízo final, portanto, é a de eliminar as pendências ainda existentes e, deste modo, ultimar e concluir a dimensão física hoje presente no Universo relativo.
- Com o julgamento final, Deus, também, mostrará que é o Senhor de todas as coisas. Todo julgamento, nos nossos dias, é uma expressão de soberania, ou seja, de domínio e de poder. Toda vez que alguém é julgado por um tribunal, este tribunal está dizendo que o governo ou a organização a que ele pertence tem poder, tem supremacia, é superior a quem está sendo julgado, que, assim, lhe deve obediência. Não é por outro motivo, por exemplo, que os Estados Unidos têm se recusado a assinar o Tratado de Roma que criou o Tribunal Penal Internacional, uma corte que julga os crimes contra a humanidade, ligado à Organização das Nações Unidas, porque não aceitam a ideia de que a ONU possa lhes dizer o que devem fazer ou deixar de fazer com relação à segurança das nações.
- No julgamento final, portanto, Deus irá mostrar que é o Senhor dos céus e da terra, que a terra Lhe pertence (Sl.24:1). É sintomático observar que a Bíblia diz que, ao se estabelecer a Corte Divina, terra e céu fogem da presença de Deus, porque “não se achou lugar para eles” (Ap.20:11), ou seja, não há quem possa sequer ter posição, lugar ou existência diante deste Deus, que é o Senhor de todas as coisas, o Eterno, Aquele que deu existência a tudo o mais.
- Também é importante verificar que Deus Se instala como Soberano para julgar já tendo sentenciado o diabo e seus dois principais agentes (o Anticristo e o Falso Profeta), para nos ensinar, a nós que ainda estamos na dispensação da graça, de que só Ele é Soberano e que ninguém, nem mesmo o diabo, pôde, em algum momento, competir com Ele a respeito do controle e do domínio do mundo. O diabo nada governa nem nada tem, sendo apenas um ser atrevido e que tem agido única e exclusivamente por permissão divina, porque sua ação serve aos sublimes propósitos do Senhor. Assim sendo, não aceitemos os pensamentos, doutrinas e ensinos que procuram criar um falso dualismo entre Deus e o diabo no universo, pois “nosso Deus é Soberano, Ele reina desde a fundação do mundo”.
- Mas, além da prova da Sua soberania sobre tudo e todos, o julgamento final também tem por finalidade fazer justiça. Deus tem exercido a Sua misericórdia e a Sua bondade desde o momento em que o homem pecou. Com efeito, expulsou o homem do jardim do Éden, mas não permitiu que ele tomasse do fruto da árvore da vida, impedindo-o de ter um destino eterno irremediável, como ocorreu com o diabo e seus anjos. Mas, apesar de ser bom e de Sua misericórdia alcançar todas as gerações (Ex.20:6; Dt.5:10), chegará o momento em que deverá executar a Sua justiça, pois Deus, além de ser amor, também é justo (Sl.11:7) e a justiça é a base do Seu trono (Sl.89:14; 97:2). Assim, se o julgamento final serve para mostrar a Soberania de Deus, também serve para mostrar a Sua justiça, pois, como indagou o próprio amigo de Deus, Abraão: “…não faria justiça o Juiz de toda a terra ?” (Gn.18:25).
- A propósito, o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) demonstrou a existência de Deus precisamente pela necessidade de que haja um julgamento que restabeleça a ordem moral no universo. Como todos os homens são responsáveis, diz o filósofo, e, nesta vida, perduram situações de injustiça, em que as pessoas não respondem pelos danos e males cometidos, é evidente que tenha de haver um outro mundo em que se faça justiça e, naturalmente, que exista um Juiz, superior aos demais, que execute esta justiça. Vemos, portanto, que o julgamento final cumpre o propósito de demonstrar não só a existência divina, mas o Seu caráter justo, que nem sempre ficou evidenciado ao longo da história humana.
- Ao fazer justiça, Deus irá mostrar a cada ser humano que há, sim, diferença entre o homem que serve a Deus e o que não O serve. Muitas vezes, no mundo, somos levados a ilusões e nos embaraçamos com as aparências, achando, como Asafe, que não há qualquer vantagem em se servir a Deus e se chega, mesmo, a invejar os ímpios (cfr. Sl.73). Entretanto, o julgamento final, de forma pública, notória e diante de todos os seres humanos que já existiram sobre a face da Terra, será mostrada a verdade patente, nua e crua de que vale a pena servir a Deus. Nesse dia, como profetizou Malaquias, “…vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não O serve.” (Ml.3:18).
- O julgamento final também tem o propósito de encerrar o cumprimento das promessas de Deus. Após ter restaurado todas as coisas, mostrando o Seu poder sobre o mal e o pecado, que é o objetivo precípuo do reino milenar de Cristo, o Senhor promoverá o cumprimento de tudo aquilo que prometeu e disse a cada ser humano que existiu: promessa de salvação àqueles que Lhe serviram e de condenação àqueles que não Lhe deram crédito, que contra Ele se rebelaram. É o momento do acerto de contas, da chamada à responsabilidade de todos os homens que, tendo recebido de Deus o livre-arbítrio, a liberdade, dela usaram como quiseram. Deus estará, então, finalizando o cumprimento da Sua Palavra para esta dimensão histórica.
- O julgamento final é o triunfo do bem sobre o mal, a determinação da vida eterna para quem creu em Deus e O serviu e da morte eterna, a chamada “segunda morte” (Ap.20:14), para quem rejeitou a Deus e contra Ele se rebelou. Todos aqueles que se rebelaram contra Deus serão definitivamente julgados e lançados no lago de fogo e de enxofre, onde já estarão o diabo, o Anticristo e o Falso Profeta e os anjos caídos que, nesta oportunidade, terão, também, sido julgados (Jd.6), num julgamento que deverá ocorrer pouco antes da execução da sentença já lançada sobre Satanás e do qual participarão os santos do Altíssimo (cfr. I Co.6:9). O mal será extirpado e, então, terra e céus serão substituídos por nova terra e novos céus onde habitará a justiça (II Pe.3:13). Somente depois que a iniquidade, o pecado, a injustiça for retirada é que se poderá ter novos céus e nova terra, como nos ensina a Bíblia Sagrada e esta retirada se fará mediante o julgamento final.
V – OS FUNDAMENTOS DO JULGAMENTO FINAL
- Todo julgamento tem de se basear em normas e regras que sejam claras e conhecidas de todos. Ninguém pode ser julgado sem que haja uma lei que sirva de critério e de base para este julgamento. É por isso que, na ciência jurídica, é sempre dito que a função de julgar nada mais é que “a atuação da vontade concreta da lei”, ou seja, a aplicação do que diz a lei para um caso concreto.
- Os julgamentos divinos não fogem a este princípio, até porque este princípio adotado e acolhido pelos juristas é decorrência do que o próprio Deus estabeleceu para o homem, ao criá-lo e ao mundo onde ele vive.
- O primeiro fundamento dos julgamentos divinos é a própria racionalidade humana, ou seja, a capacidade de entendimento de que o homem foi dotado por Deus, para ter consciência de si mesmo e do próprio Deus. Deus fez o homem um ser pensante, um ser racional precisamente para que ele pudesse saber que é um ser, que, enquanto ser, ocupa uma posição de inferioridade em relação a Deus e de superioridade em relação à criação na Terra, bem como que tem o poder de escolher entre obedecer a este Deus ou não. Consciência de si, de Deus, de sua posição na ordem universal e de sua liberdade, são os pontos da racionalidade humana e que são a primeira base para os julgamentos divinos.
- Esta racionalidade e consciência geram uma liberdade que, como já vimos supra, traduz-se numa responsabilidade. Por mais que os homens possam ludibriar e enganar os seus semelhantes, conseguindo escapar aos julgamentos humanos, seja porque os homens não conseguiram obter provas suficientes para responsabilizar alguém, seja porque não houve interesse ou empenho dos julgadores em promover a responsabilização, o fato é que sempre o réu culpado sabe que está errado e que agiu contra a lei. Assim, ainda que seja absolvido, isto é, não seja responsabilizado num julgamento humano, o réu sabe muito bem que a solução correta e justa não seria esta, mas a sua condenação. Por quê? Porque a consciência recebida de Deus lhe mostra que ele está errado e que deveria ser condenado.
- Vemos, portanto, o primeiro fundamento dos julgamentos divinos: o homem é livre e consciente e, portanto, responsável pelos seus atos. Sabe Deus, pois foi quem criou todos os homens, que não há um homem igual a outro em toda a história da humanidade. O Senhor conhece a estrutura de cada um (Sl.103:14) e, por isso, determinou que os julgamentos divinos sejam individuais. É importante observar que todos os julgamentos divinos são individuais: tribunal de Cristo – cada crente será julgado pelas suas obras; julgamento das nações – cada indivíduo de Israel e das nações gentílicas será julgado pelas obras apresentadas durante o período da Grande Tribulação para que se veja se é, ou não, digno de ingressar no milênio; julgamento final – cada um  dos seres humanos não incluídos nos julgamentos anteriores será julgado segundo as suas obras. Os julgamentos são individuais porque Deus avaliará o grau de consciência e de responsabilidade de cada um, a fim de que os julgamentos sejam justos.
- Mas, além da consciência e da responsabilidade de cada indivíduo, Deus, também, usará a Sua revelação como fundamento para o julgamento. Vimos que todo julgamento tem de se basear em uma lei e, além da consciência e responsabilidade, que são regras, normas inseridas por Deus em cada ser humano, há, também, a revelação do próprio Deus ao homem ao longo de toda a história da humanidade.
- Deus, conhecendo a fragilidade do homem, mormente depois que caiu e se apartou do seu Criador, sempre teve interesse e desejo de Se revelar ao homem, fazendo-o seja pela natureza, seja por Israel, seja pela Sua Palavra, seja pelo Seu Filho (em carne, pela Igreja, pelos pregadores da Grande Tribulação, pelos anjos do evangelho eterno). Deus não quis deixar apenas sob um aspecto subjetivo, interno, pessoal de cada indivíduo o critério para alicerçar uma responsabilização, um julgamento, mas, por meio de elementos puramente objetivos, externos a cada ser humano, mostrou-Se ao homem, a fim de que ele pudesse conhecer qual era o caráter de Deus e ao que deveria se assemelhar. Esta revelação divina, portanto, será o critério e um dos fundamentos dos julgamentos divinos.
- Aqui, também, se explica porque cada julgamento será individual. Deus irá tratar a cada indivíduo conforme a revelação divina que teve. É, aliás, este o sentido da expressão de Rm.2:12, onde Paulo diz que os que sem lei pecaram, sem lei serão julgados e os que conheceram a lei, pela lei serão julgados. Nesta passagem, Paulo nos mostra, com a clareza que lhe era peculiar, que Deus levará em conta, no julgamento, o tipo de revelação que a pessoa teve de Deus, a fim de que, segundo esta revelação, seja verificado se houve, ou não, observância e obediência ao Senhor. Lembremos, desde já, embora venhamos a tratar do assunto amiúde mais abaixo, que nenhum homem poderá se desculpar e dizer que não teve como perceber a revelação de Deus a si (cfr. Rm.1:18-20).
- Mas, um julgamento justo não se baseia apenas nas normas e regras abstratas, mas, como deve ser a aplicação da lei ao caso concreto, é preciso que se apresentem, também, fatos, provas que demonstrem ter ocorrido a observância, ou não, da lei. É por isso que os julgamentos divinos não têm apenas a consciência, a responsabilidade do indivíduo que está sendo julgado ou a revelação divina a este indivíduo, mas também os registros de tudo aquilo que ele fez enquanto existiu sobre a face da Terra. É este o sentido dos “livros” mencionados em Ap.20:12 “in fine”. Não pensemos que haja um cartório no céu, com livros e mais livros, como os nossos cartórios judiciais e extrajudiciais, onde fisicamente haja registros das obras de cada indivíduo que já viveu sobre a face da Terra. Trata-se, evidentemente, de uma figura, de um símbolo, mas, sem dúvida alguma, estão registrados diante de Deus todos os atos praticados por todos os indivíduos e estes atos serão apresentados no momento do julgamento, diante de cada réu. O justo juiz mostrará a justiça julgando sempre com provas.
- Abrimos aqui um parêntese no assunto da lição apenas para lembrar a todos nós que, sendo servos do Senhor e tendo de ser a Sua imagem e semelhança, de modo algum podemos proceder de forma diversa da que procede o nosso Deus. Se Deus que é onisciente, ou seja, sabe de todas as coisas; onipresente, ou seja, está em todos os lugares ao mesmo tempo e onipotente, pode todas as coisas, não dispensa a existência de provas para julgar alguém, por que eu e você, muitas vezes, aceitamos e julgamos as pessoas sem que tenhamos qualquer prova ou o menor indício? Por que confiar no “ouvir dizer” ou nas aparências, muitas vezes vindas de meios de comunicação altamente comprometidos e sem qualquer compromisso com Deus e, portanto, com a verdade? Pensemos nisso e mudemos nosso comportamento o quanto antes, porque, se continuarmos a agir erradamente, isto, sim, estará devidamente provado naquele dia…
- Outro fundamento dos julgamentos divinos e, portanto, do julgamento final é o direito de defesa. Todos os julgamentos somente se justificam por causa do direito de defesa. Deus irá julgar um por um dos indivíduos que existiram sobre a face da Terra (e isto literalmente, se considerarmos os três julgamentos), única e exclusivamente para dar oportunidade aos julgados para se manifestar e ter acesso às provas e à aplicação das normas ao caso concreto. Não fosse este o motivo, o Senhor teria lançado os ímpios, de imediato, no lago de fogo e de enxofre, assim como fez com o Anticristo e o Falso Profeta, que assim serão tratados porque desafiaram abertamente a Deus e se deixaram dominar pelo diabo, num nível de rebeldia igual ao de Satanás, de plena consciência e rejeição ao senhorio divino. Com relação aos outros homens, porém, Deus lhes mostrará a Sua justiça, permitindo-lhes que se manifestem, assim como fez com os nossos primeiros pais (Gn.3:8-11).  Tanto assim é que vemos os julgados, mesmo condenados, manifestando-se no julgamento final, como, por exemplo, em Mt.7:22 e Mt.25:44. Teremos um efetivo direito de defesa, inclusive com direito ao uso de palavra. Que Deus justo é o nosso Deus!
- Não é por outro motivo que os juristas costumam chamar o direito de defesa de sagrado, já que o primeiro registro de sua criação e exercício remonta ao próprio Deus, neste episódio do Jardim do Éden. Aqui, aliás, abrimos um outro parêntese: se Deus que é Deus dá a cada ser humano na face da Terra a oportunidade de defesa, por que nós, muitas vezes, queremos suprimi-lo de nosso semelhante? Seríamos mais justos do que o Senhor, do que o Juiz de toda a Terra?
- Outro fundamento dos julgamentos divinos é a sua publicidade. Todos os julgamentos divinos são públicos, são feitos à vista de todos os envolvidos. O tribunal de Cristo é feito diante de toda a Igreja arrebatada; o julgamento das nações e o julgamento final são vistos diante de tronos, numa típica cerimônia pública, onde todos os homens de todos os tempos estarão reunidos para se submeter ao Senhor dos senhores e Rei dos reis. Tanto assim é que Paulo afirma que, nesta oportunidade, ocorrerá a suprema exaltação de Cristo e todo o joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor (Fp.2:9-11).
- Se Deus faz as coisas publicamente, à vista de todos, por que muitos insistem, inclusive na Igreja, que é o corpo de Cristo, em promover julgamentos às ocultas, às escondidas? Não devemos agir assim, até porque, se os membros da igreja local não veem, saibam todos que tudo o que se passa é visto pelo Senhor e, como diz o escritor aos Hebreus, “não há criatura alguma encoberta diante d’Ele, antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos d’Aquele com quem temos de tratar.”(Hb.9:13). Abramos nossos olhos e sigamos a publicidade demonstrada pelo caráter justo do Senhor, porque “…nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto, que não haja de saber-se” (Mt.10:26b), a fim de que não recebamos o mesmo juízo lançado sobre Davi, a saber: “porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol” (II Sm.12:12).
- Logicamente que, quando dizemos que os julgamentos nossos devem ser públicos, a exemplo dos julgamentos divinos, devemos manter a mesma sobriedade e dignidade que o Senhor manterá nestes julgamentos. Em momento algum, mesmo quando vemos o Senhor condenando os homens, vemo-l’O humilhando ou retirando a dignidade humana de qualquer julgado. A própria sentença de condenação do Senhor não tem sequer uma palavra de injúria ou de ofensa aos condenados. Diz o Senhor tão somente o necessário, sem humilhar quem quer que seja. “Nunca vos conheci, apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt.7:23). “Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos, porque tive fome, e não Me destes de comer; tive sede, e não Me destes de beber; sendo estrangeiro, não Me recolhestes; estando nu, não Me vestistes; e enfermo e na prisão, não Me visitastes.” (Mt.25:41b-43). Qual diferente é o Senhor de certos indivíduos que, por se acharem autoridades eclesiásticas, sob a desculpa da publicidade, ao invés de darem a sentença, preferem ofender e injuriar as pessoas!
- Por fim, outro fundamento dos julgamentos divinos é a imparcialidade e retidão do julgador. Dizem as leis humanas que um julgamento, para que seja justo, deve ser exercido por um juiz que seja imparcial, ou seja, não tenha qualquer inclinação para uma parte ou outra, como também que seja um juiz correto, uma pessoa de que tenha ilibada reputação. Nestes dois requisitos, vemos que os julgamentos divinos trazem o que de mais excelente há nesta matéria. Deus é imparcial, é a própria imparcialidade personificada, pois, para Ele, não há acepção de pessoas (Dt.10:17; Cl.3:25). Deus estará tratando a todos os homens igualmente, pois o julgamento final, inclusive, é para que prevaleça esta regra da imparcialidade, pois, com este episódio, todos os indivíduos terão tido a oportunidade de defesa antes de terem selado o seu destino eterno. Com respeito à reputação do Senhor, Ele é santo (Lv.11:45; I Pe.1:15) e terá demonstrado todo o Seu poder e fidelidade ao longo da história humana. Por isso, até, o julgamento final se realizará no final da história, para que o Senhor demonstre, cabalmente, a Sua dignidade para julgar os vivos e os mortos.
- Vemos, portanto, que os julgamentos divinos têm como fundamentos os princípios mais límpidos e seguros de toda a justiça, possuindo todos os requisitos que, há séculos, os próprios homens tentam, sem êxito, impor aos seus próprios julgamentos. Indubitavelmente, todos aqueles que se submeterem ao julgamento final estarão sendo justa e retamente julgados.
VI – COMO SE DARÁ O JULGAMENTO FINAL
- Lançado o diabo no lago de fogo e de enxofre, cessará o tempo histórico e será instalado o grande tribunal, a ser presidido por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Filho do homem que se apresenta ao ancião de dias na visão do profeta Daniel (Dn.7:13).
- Instalado o tribunal, ante o grande trono branco, onde estará assentado Aquele que julgará os vivos e os mortos, ou seja, Jesus Cristo, serão chamados os réus, que são todos os homens e mulheres que ainda não tiverem sido julgados até então, ou seja, aqueles que não tomaram parte na primeira ressurreição e os que não foram submetidos ao julgamento das nações antes do início do Milênio (os que ficaram vivos no início do Milênio, sobreviventes da Grande Tribulação).
- Neste instante da chamada dos acusados, haverá a ressurreição geral dos mortos, ou seja, a chamada “ressurreição do último dia”, mencionada por Marta quando abordada por Jesus no dia da ressurreição de Lázaro em Betânia e que é a ressurreição que é sempre mencionada nos rituais católicos romanos. Esta ressurreição será uma ressurreição em carne, ou seja, Deus promoverá a reunião da matéria e restabelecerá os corpos daqueles que, durante toda a história da humanidade, viveram sobre a face da Terra. Esta é uma das provas bíblicas de que ressurreição não se confunde com reencarnação, pois se Deus irá retomar toda a matéria de que foram criados os homens que viveram durante toda a história da humanidade dos locais em que eles morreram (Ap.20:13), isto é uma demonstração de que se morre apenas uma vez sobre a face da Terra, ao contrário do que afirmam os reencarnacionistas. Ainda mais, não há notícia de que venha a ser ressuscitado qualquer corpo que venha de outro planeta, a comprovar, também, que a teoria reencarnacionista, que sustenta a vida em outros planetas para justificar o crescimento populacional, não tem qualquer fundamento bíblico.
- Esta ressurreição difere da primeira ressurreição, porquanto, nesta, como se vê em Ap.20:6, há uma bem-aventurança, enquanto naquela, o texto sagrado silencia, a indicar que sua ocorrência não traz, a princípio, qualquer benefício. Na primeira ressurreição, os que ressurgem, é verdade, não escapam do julgamento divino, mas escapam da condenação, estão salvos e ressurgem para reinar com Cristo. Os que ressurgem por conta do julgamento final, porém, além de não escapar do julgamento divino, não têm, por força da ressurreição, qualquer garantia de salvação. Por fim, na primeira ressurreição, o Paraíso, onde ficavam os que morriam no Senhor, será esvaziado, pois, depois do arrebatamento da Igreja e da complementação da primeira ressurreição, não haverá mais qualquer alma naquele local; já na outra ressurreição, promover-se-á o esvaziamento do Hades, onde estarão aqueles que não dormiram no Senhor e que estarão, por isso, esperando o julgamento definitivo sem ter a certeza da salvação.
- É importante observar que a Bíblia diz que Jesus julgará os vivos e os mortos (II Tm.4:1; I Pe.4:5), pois, além dos mortos de todas as épocas que serão ressuscitados nesta oportunidade, também serão levados a julgamento as pessoas que estiverem vivas e assim se mantiverem por ocasião do término do Milênio, pois não serão todos os homens que se rebelarão contra o Senhor e contra Israel na rebelião final. Estas pessoas não terão morrido e compõem os vivos mencionados nos textos sagrados referidos.
- Operada a ressurreição e a eles congregados os que estiverem vivos naquela oportunidade e não tiverem sido ainda julgados, que é a chamada dos acusados, o Juiz passa, então, a julgar um a um os indivíduos. Este julgamento terá, como já vimos, a apresentação das normas e regras aplicáveis a cada caso, a apresentação das provas, ou seja, dos atos cometidos pelo acusado, a oportunidade para a sua manifestação e a sentença final, que não terá recurso, vez que se trata da mais alta autoridade do Universo que está proferindo o julgamento e isto à vista de toda a humanidade e, quando dizemos toda a humanidade, não estaremos usando qualquer força de expressão, pois ali estarão presentes não só os acusados, mas também todo o povo dos santos do Altíssimo (cfr.Dn,7:27: Igreja, os que tomaram parte na primeira ressurreição e o Israel salvo).
- Neste momento, é importante salientar que, ao contrário do que muitos afirmam, este julgamento não terá apenas condenação. Muitos entendem que o juízo do trono branco será apenas para condenação, mas não podemos extrair isto das Escrituras Sagradas. O texto bíblico afirma que, na análise das normas e das provas, isto é, da abertura dos livros, inclusive do livro da vida (Ap.20:12), os mortos são julgados segundo as suas obras, não diz, portanto, que são condenados segundo as suas obras, o que nos permite inferir legitimamente que não haverá sempre condenação, como muitos advogam por aí. A Bíblia diz apenas que aquele que não foi achado no livro da vida será condenado (Ap.20:15), livro da vida este que não é o mesmo livro da vida do Cordeiro que é mencionado em Ap.21:27.
- O livro da vida do Cordeiro é o livro onde estão escritos os nomes daqueles que vão ingressar na Nova Jerusalém, ou seja, na cidade santa que descerá aos novos céus e terra no Estado Eterno e que será o objeto de nosso estudo na próxima lição (Ap.21:27). É uma espécie de passaporte, de visto, de “green card” para a cidade santa. Sendo assim, neste livro estarão tanto o povo dos santos do Altíssimo quanto aqueles que serão absolvidos e declarados salvos no julgamento final. Este livro só será aberto por ocasião do julgamento final e, mesmo não conhecendo seu teor até lá,  sabemos que, deste livro, já estão fora, de antemão, todos aqueles que adorarem a besta na Grande Tribulação, porque esta adoração importará numa consciente e deliberada rejeição de Jesus (Ap.13:8 e 17:8).
- O livro da vida mencionado em Ap.20:12, porém, é um outro livro, onde estarão apenas aqueles que serão julgados e absolvidos no julgamento final. Do livro da vida não consta o povo dos santos do Altíssimo, porque eles já terão sido julgados e não o serão novamente por ocasião do julgamento final e, o que é relevante, segundo muitos estudiosos, já terão, inclusive, entrado na Nova Jerusalém. Desta maneira, não sendo réus no julgamento final, não há como serem vistos no livro da vida, mas, por estarem ou terem direito de estar na Nova Jerusalém, terão seus nomes inscritos no livro da vida do Cordeiro, o que prova que se trata de dois livros diferentes, que não podem ser confundidos.
- Daí temos a convicção de que, no julgamento final, haverá, sim, pessoas que se salvarão do lago de fogo e de enxofre e que ingressarão na nova Jerusalém. É precisamente aqui se resolvem muitas dúvidas a respeito da salvação de pessoas que não tiveram qualquer oportunidade de ouvir falar de Jesus (como os índios que moravam no Brasil até a época do descobrimento) ou das pessoas que viveram antes de Jesus e não tiveram como aceitá-l’O nem de chegar ao conhecimento da promessa messiânica (como os chineses do tempo de Confúcio ou Lao-tsé e os indianos do tempo de Buda). A Bíblia é clara ao afirmar que estas pessoas serão julgadas segundo as suas obras e estas obras terão de mostrar se, à luz da revelação que tiveram de Deus, foram, ou não, capazes de Lhe obedecer. Caso tenham sido obedientes a Deus, diante da revelação que tiveram de Deus, suas obras o demonstrarão e, assim, seus nomes estarão escritos no livro da vida e, portanto, serão achados dignos de ingressar na nova Jerusalém. Se, porém, não tiverem sido obedientes a Deus conforme a revelação que tiveram, seus nomes não estarão inscritos no livro da vida e, assim, serão condenados e lançados no lago de fogo (Ap.20:15).
- É importante ressaltar, aqui, que Deus tem várias formas de revelação, mas que todo e qualquer ser humano terá tido a oportunidade clara de conhecer a Deus e à Sua vontade. Escrevendo aos Romanos, Paulo é bem categórico ao dizer que nenhum homem poderá se desculpar diante de Deus, dizendo não ter podido perceber a revelação do Senhor. A própria natureza, diz o apóstolo, é uma manifestação divina para que os homens fiquem inescusáveis, isto é, sem desculpa (Rm.1:18-20). A combinação das normas a serem utilizadas no julgamento (consciência, responsabilidade, formas de revelação divina) bem como os fatos registrados, ou seja, os atos praticados devidamente registrados, não deixam qualquer margem para que se tenha qualquer injustiça.
OBS: “…Existe uma pergunta no meio da cristandade e até fora dela baseada nos versículos 11-15 que temos nesta seção [Ap.20:11-15, observação nossa]: ‘ como serão julgados aqueles que morreram sem ouvir o Evangelho ?’. Essa pergunta, quando dentro da lógica da visualização do homem, pode ultrapassar qualquer possibilidade de entendimento da mente humana. Mas é evidente que Deus tem falado e vem falando ao homem de ‘muitas maneiras’ (Hb.1:1). Paulo diz que o Evangelho foi ‘pregado a toda criatura que há debaixo do céu’ (Cl.1.23). Deus pode alcançar, através de seus métodos, a todos os homens. Vejamos alguns dos métodos de Deus: (a) Deus fala através do Universo(…) Sl.19.1-4; (b) Deus fala através da percepção(…) Rm.1.19-20; (c) Deus fala través da consciência(…) Rm.2:14-16; (d) Deus fala através da vida dos animais(…) Jó 12:7-9; (e) Deus fala através dos meios geográficos (…)At.17.30-31(f) Deus fala através de sonhos (…) Jó 33.14-18; (g) Deus fala através dos anjos (…) Ap.14.6; (h) Deus fala través de Seu Filho (…) Hb.1.1; (i) Deus fala através de sinais e milagres (…) Hb.2.4a.(…) Perguntamos agora: havendo Deus falado tanto e de tantas maneiras, chegará alguém inocente diante do Grande Trono Branco?…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo.2.ed., p.260-1).
- Feito o julgamento, proceder-se-á à imediata execução, pois não se estará mais no instante da misericórdia divina ou da Sua longanimidade, manifestada ao longo de toda a história, mas no instante final da execução, da retirada dos obstáculos morais para a instalação dos novos céus e nova terra. Assim, terminado o julgamento, segue-se à imediata execução dos julgados, com o lançamento no lago de fogo de enxofre dos condenados (Ap.20:15). 
- Além dos condenados, a Bíblia também diz que, no lago de fogo, serão lançados tanto a morte quanto o Hades (Ap.20:14). Aqui temos, evidentemente, uma figura de linguagem, pois nem a morte nem o Hades são pessoas e, portanto, não se equiparam a elas para ser julgadas e sentenciadas. O fato é que, com o julgamento definitivo de todos os seres humanos, a morte física e o Hades, lugar onde ficavam os mortos aguardando o julgamento definitivo (lembremos que, desde o arrebatamento da Igreja e a primeira ressurreição, o Paraíso, onde eram colocados os que dormiam no Senhor, esvaziara-se), perdem completamente a sua razão de ser. Com efeito, os homens já foram definitivamente julgados e ninguém mais nascerá ou morrerá a partir de então, de modo que a morte física deixará de cumprir o seu papel, pois terá findado a dimensão surgida com o pecado do primeiro casal e, de igual modo, o Hades não terá porque existir. Por isso, dizem as Escrituras, eles serão lançados no lago de fogo, ou seja, serão simplesmente eliminados, não mais existirão.
- Deus terá, então, cumprido plenamente o Seu plano para o homem neste Universo relativo, pendência alguma terá ficado e, assim, poderá instituir os novos céus e nova terra onde habitam a justiça e trazer, para eles, a cidade já há muito preparada para conviver eternamente com a sua criação: a Jerusalém celestial.