O
livro de Amós mostra-nos que a gritante
desigualdade social é fruto do pecado.
INTRODUÇÃO
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Na sequência do estudo dos livros dos profetas menores, estudaremos o livro de
Amós.
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Amós foi levantado por Deus para denunciar a gritante desigualdade social
vivida pelo povo de Israel
(reino
do norte) nos dias de Jeroboão II, dias em que a prosperidade material não retirou
a injustiça, causada pelo pecado.
I
– O LIVRO DE AMÓS
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Em hebraico, "Amos" (עמןס), que significa "fardo, carga
pesada"(ou, também, segundo outros, "forte"), nome bem adequado
para descrição do ministério deste profeta que, sendo um agropecuarista simples
do reino do sul, foi chamado para trazer mensagens duras para o povo do reino
do norte, o reino de Israel, enfrentando grande perseguição e oposição,
principalmente dos sacerdotes de Betel, que eram os responsáveis pela perpetuação
do "pecado de Jeroboão, filho de Nebate", o principal fator que levou
à destruição das dez tribos.
Seu
ministério ocorreu durante o reinado de Jeroboão II, rei de Israel, num período
de ilusória prosperidade, mas que era, na verdade, um prenúncio da destruição
que estava por vir e que é simbolizada pelo terremoto, como se vê em Am.1:1.
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Segundo Edward Reese e Frank Klassen, co-organizadores da Bíblia em ordem
cronológica, o livro de Amós seria
datado de cerca de 764 a.C., ou seja, pouco tempo antes da morte de Jeroboão II
que, como já vimos na lição a respeito do profeta Oseias, representou o início
da derrocada do reino de Israel (o reino do norte). Como afirma J.G.S.S.
Thomson, em O novo dicionário da Bíblia,
organizado por J.D. Douglas, “…Uzias e Jeroboão [Jeroboão II, observação nossa]
reinaram paralelamente por trinta e seis anos (…). Visto que a lepra de Uzias
tornou necessária a corregência nos últimos anos de seu reinado (II Rs.15:1-7),
talvez o ministério de Amós devesse ser situado a meio caminho entre os
reinados paralelos de Uzias e Jeroboão II
Não
possuímos meios de saber por quanto tempo já vinha pregando em Samaria quando
lhe foi peremptoriamente ordenado que regressasse à sua nativa Judá (7:10-13).
Sem dúvida isso pôs fim ao seu ministério como profeta de Yahweh.…” (THOMSON,
J.G.S.S. Amós, livro de. In: DOUGLAS, J.D.(org.). O novo dicionário da Bíblia,
p.74).
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Amós é descrito no próprio livro como sendo um dos pastores de Tecoa, pequena
aldeia situada a 16 km ao sul de Jerusalém, território pertencente a tribo de Judá. “…Sua posição elevada [da aldeia de
Tecoa, observação nossa] tornava-a uma cidade de defesa natural (II Cr.11:6).
As terras ao redor forneciam pasto para os rebanhos, cuidar dos quais era parte
da chamada de Amós (1:1). Em adição a essa atividade, era também ‘colhedor de
sicômoros’. A significação dessa informação é que Amós não pertencia à classe
da qual os profetas usualmente se originavam, nem foi treinado para o ofício
profético nas escolas dos profetas (7:14 e seg.)…” (THOMSON, J.G.S.S., op.cit.,
pp.73-4)
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A mensagem do livro de Amós diz respeito ao juízo vindouro que estava para ser
lançado sobre o reino do norte, o reino de Israel (as dez tribos), caso eles
não se arrependessem de seus pecados. Amós mostra como o pecado trazia uma
situação de violência, corrupção e injustiça social sem medida na sociedade
israelita e que, apesar da prosperidade material vivida, Deus chamaria o povo
para um acerto de contas, como acabou ocorrendo.
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Apesar de sua mensagem representou a rejeição da própria mensagem divina,
selando, assim, o destino trágico daquelas tribos, até hoje contundente, o
profeta foi expulso do reino de Israel e
esta rejeição do profeta conhecidas como as “dez tribos perdidas de Israel”.
Temos aqui, desde já, uma lição atualíssima deste livro: se rejeitarmos à
mensagem do Senhor, se não dermos ouvidos à Sua voz, estaremos selando a nossa
própria perdição. Pensemos nisto!
- O livro de Amós, que tem 9 capítulos, pode
ser dividido em três partes, a saber:
a)
1ª parte - juízos contra várias nações - Am.1-2:5
b)
2ª parte - juízos contra Israel - Am.2:6-9:10
c)
3ª parte - promessa de bênção sobre Israel - Am.9:11-15.
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Em Amós, vemos que Deus observa a vida do homem em todos os seus aspectos e que
somente a libertação do pecado pode proporcionar paz, segurança, justiça e
verdadeira igualdade social. Em Amós, nota-se a necessidade de alguém que venha
tirar o pecado do mundo para que haja a tão almejada época de justiça e paz na
humanidade.
OBS:
" Cumprimento de Amós ante o Novo Testamento - A mensagem de Amós é vista
mais claramente nos ensinos de Jesus e na epístola de Tiago. Ambos aplicaram a
mensagem do profeta, mostrando que a verdadeira adoração a Deus não é a
observância meramente formal da liturgia religiosa: é o 'ouvir' e o 'praticar'
a vontade de Deus, e o tratamento justo e reto ao próximo (e.g., Mt.7.15-27;
23; Tg.2). Além disto, tanto Amós quanto Tiago enfatizam o princípio de que 'a
religião verdadeira exige comportamento correto'. Finalmente, Tiago cita
Am.9.11,12, no Concílio de Jerusalém (ver At.15.16-18), onde inclui os gentios
na Igreja."(BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, p.1297).
" Cristo Revelado - Não há
referências diretas a Cristo em Amós. Nenhuma tipologia é tampouco apresentada.
Parece haver uma alusão, todavia, a Am.1.9,10 na afirmação de Jesus em
Mt.11.21,22. Amós fala sobre o julgamento que vem sobre Tiro, Jesus diz que, se
as poderosas obras que foram feitas em Corazim e Betsaida 'fossem feitas…em
Tiro e Sidom, há muito que se teriam arrependido com pano de saco grosseiro e
com cinzas.' Outro conceito de Amós é retomado por João em Apocalipse. Amós fala
sobre os profetas de Deus como servos e diz que Deus nada faz sem revelar Seu
plano para Seus servos, os profetas (Am.3.7).
João
fala acerca do soar da sétima trombeta, quando 'se cumprirá o segredo de Deus,
como anunciou aos profetas, seus servos; (Ap.10.7)."(BÍBLIA DE ESTUDO
PLENITUDE, p.871).
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Segundo Finnis Jennings Dake (1902-1987), o livro de Amós tem 9 capítulos, 146
versículos, 28 ordenanças, 31 perguntas, 2 promessas, 117 predições, 121
versículos de profecia, 8 versículos de profecias não cumpridas, 113 versículos
de profecias cumpridas e 35 mensagens distintas de Deus.
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Segundo alguns estudiosos, o livro de Amós, o 30º livro da Bíblia, está
relacionado com a 8ª letra do alfabeto hebraico “chet” (ח), cujo significado é
de “cerca”, “divisa”, “parede”, “cerco”. Esta ideia está relacionada com a
“graça” e a “misericórdia” divinas, pois, como diz Richar Amiel McGough, “…nós
somos cercados por todos os lados pela livre misericórdia e graça divinas…” (The
Bible Wheel Book, p.214) (tradução nossa de texto em inglês). O Senhor, porém,
tem um prumo que mostra se estamos, ou não, do lado da justiça, do lado da
retidão, a fim de que sejamos alcançados por Sua graça. É precisamente esta
situação que levará o profeta a denunciar a maldade e injustiça do povo de
Israel.
II
– JUÍZOS CONTRA VÁRIAS NAÇÕES
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O livro do profeta Amós começa sua mensagem anunciando o juízo de Deus sobre
diversas nações que estavam ao redor de Israel. Começa afirmando que “o Senhor
bramará de Sião e de Jerusalém dará a Sua voz; nas habitações dos pastores
haverá pranto e se secará o cume do Carmelo” (Am1:2).
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Quando Amós começou a profetizar, Israel e Judá viviam época de prosperidade
material. Ambos os reis, Uzias e Jeroboão II, haviam trazido prosperidade aos
seus povos (II Rs.15:25-28; II Cr.26:1-15). Apesar de Ajude a manter este
trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do toda
esta opulência material, o povo estava a pecar e, por causa da situação
favorável, achava que o pecado não tinha importância alguma, que jamais
deixaria de ter os favores divinos, de desfrutar da graça e da misericórdia de
Deus, que havia Se manifestado particularmente para o reino do norte (II
Rs.15:26,27).
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No entanto, o profeta, já no limiar de sua mensagem, mostra que Deus não estava
inerte nem deixaria que a situação de aumento do pecado prevaleceria
indefinidamente. Pelo contrário, bramaria de Sião, desde Jerusalém, onde Se
fazia particularmente presente, para que fossem tomadas as devidas providências
de Sua justiça caso não houvesse arrependimento e conversão por parte do Seu
povo.
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Isto já nos mostra com clareza que prosperidade material nem sempre significa
bem-estar espiritual. Se é verdade que o rei Uzias, em Judá, no período em que
alcançou a prosperidade para o seu povo servia a Deus (II Cr.26:5), a prosperidade também alcançou o
reino de Israel, apesar de Jeroboão II ser um rei ímpio (II Rs.15:24).
Portanto, mais uma vez, vemos a Bíblia desmentindo os pregadores da teologia da
prosperidade.
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Amós, um pastor de Tecoa, situada no reino de Judá, é, então, mandado para o
reino de Israel, o reino do norte, para que proferisse uma mensagem de Deus
àquele povo que pecava tanto, a fim de que eles pudessem continuar a desfrutar
do favor imerecido de Deus.
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Vemos, assim, como Deus tem desejo que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade (I Tm.2:4). Por Sua infinita graça e misericórdia, nos
dias derradeiros do reino do norte, jamais deixou de dar uma real oportunidade
às dez tribos para que se arrependessem de seus pecados, tendo, para tanto,
levantado Jonas (II Rs.15:25), depois Amós, de quem estamos a tratar nesta
lição, trazendo-o do reino de Judá para profetizar e, por fim, como tivemos
ocasião de estudar na lição 2, levantando Oseias. Os israelitas não se converteram porque não
quiseram, porque rejeitaram a Palavra de Deus (Os.4:6), não por falta de
empenho e demonstração de amor da parte de Deus.
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Deus não muda (Ml.3:6) e, por isso, continua a agir da mesma maneira. O Senhor
esgota os recursos para que o homem se arrependa dos seus pecados e se
converta, mas é ao homem, dotado do livre-arbítrio, que incumbe atender ao
chamado divino e mudar a direção de suas vidas, evitando, assim, o juízo
divino.
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Amós inicia sua mensagem anunciando o juízo para as nações que estavam ao redor
de Israel, aos gentios, como que querendo conscientizar os israelitas de que
eram eles um povo diferente dos demais, reino sacerdotal e povo santo
(Ex.19:6), e, portanto, podiam ter um destino diverso daqueles que não serviam ao Senhor.
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O primeiro juízo é contra Damasco, ou seja, o reino da Síria, que, realmente,
foi dizimado pelos assírios durante o reinado de Jeroboão II, tendo sido,
aliás, este um dos fatores da prosperidade material vivida pelos israelitas
(Am.1:3-5). Como afirma J.G.S.S. Thomson: “…Amós começou a pregar em Samaria
(…). Fazia mais de quarenta anos que a Assíria havia esmagado a Síria, o
vizinho do norte de Samaria. Isso permitiu a Jeroboão II estender as suas
fronteiras (II Rs.14:25), e a desenvolver um comércio lucrativo, o que criou
uma poderosa classe de negociantes em Samaria…” (op.cit., p.74).
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Podemos, então, verificar que a mensagem de Amós começa mostrando aos
israelitas que a sua condição de prosperidade material era resultado de um
juízo divino a um povo que havia transgredido a lei de Deus, como que a dizer:
percebam, se vocês hoje estão bem é porque alguém foi castigado pelo Senhor por
sua impenitência. Não sejam, pois, impenitentes para que não lhes suceda o
mesmo!
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O segundo juízo era contra os filisteus, tradicionais inimigos dos israelitas,
porque eles tinham “levado em cativeiro todos os cativos para os entregarem a
Edom” (Am.1:6-8). Aqui o Senhor mostra que castigaria os filisteus porque eles
tinham se aproveitado da miséria alheia para se enriquecerem, o que, também, era
uma advertência ao povo de Israel que, em meio à situação de prosperidade
material, estava explorando os mais pobres do povo. Se os filisteus, por terem
tentado tirar vantagem de cativos, de prisioneiros de guerra, para com sua
venda, lucrarem, o que não faria o Senhor aos israelitas enriquecidos com a
conjuntura econômico financeira favorável em sua exploração dos mais pobres de
seu próprio povo?
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O terceiro juízo era contra os fenícios de Tiro, que haviam praticado o mesmo
erro dos filisteus, querendo tirar proveito econômico dos cativos (Am.1:9,10),
acrescentando o profeta que os tiroítas, ao assim procederem, estavam a não se
lembrar da “aliança de seus irmãos”, aliança esta muito menos grave e solene que
a que havia sido pactuada entre Deus e Israel no monte Sinai.
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O quarto juízo era contra Edom, que havia perseguido “a seu irmão à espada” e
banido toda a sua misericórdia (Am.1:11,12). Não só seriam punidos os que
haviam vendido os cativos a Edom, mas os próprios edomitas, que haviam aceitado
negociar com filisteus e tiroítas, deixando de lado toda a misericórdia. Aqui também,
ainda de forma velada, o profeta mostra aos israelitas que o procedimento que
eles estavam tendo com os mais pobres da terra era causa de indignação divina.
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O quinto juízo era contra Amom, porque eles “fenderam as grávidas de Gileade
para aumentarem os seus termos” (Am.1:13-15), ou seja, para que pudessem ter
mais propriedades, para que enriquecessem, haviam matado pessoas inocentes e que
estavam obstaculando a concretização de sua ganância. Com este juízo, o Senhor
mostrava que se deve dar mais valor ao homem que às coisas materiais, algo que
os israelitas também não estavam a fazer.
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O sexto juízo era contra Moabe, porque havia queimado “os ossos do rei de Edom
até os reduzir a cal” (Am.2:1-3). Diz Russell Shedd que esta expressão do
profeta revela uma rivalidade criada entre Moabe e Edom que atingiu uma
dimensão tal que “…não havendo possibilidade de conseguir prender ou matar o rei
inimigo, abriu-se o túmulo de um rei morto, para o ultrajar profanando seus
ossos.” (BÍBLIA SHEDD, com. a Am.2:1, p.1267). Os amonitas seriam castigados
por causa de sua malignidade, de seu ódio doentio, algo que, infelizmente,
também se estava demonstrando entre os israelitas que, por sua ganância,
desejam cada vez mais fazer mal aos mais pobres da terra.
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O sétimo juízo era contra Judá, mais uma advertência a Israel, pois agora o
castigo divino não estava mais restrito aos gentios, mas chegava às duas tribos
do reino do sul. O profeta anuncia que os judaítas seriam castigados porque
haviam deixado de guardar os mandamentos e os estatutos do Senhor, deixando-se
enganar por suas próprias mentiras (Am.2:4,5), o que parece ser o desagrado
divino pela mudança de orientação dada por Uzias em sua vida espiritual (II
Cr.26:16).
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Depois deste sete juízos, que eram verdadeiros alertas para o povo de Israel, o
profeta, então, dirige-se diretamente aos israelitas, anunciando o castigo
sobre os israelitas “porque vendem o justo por dinheiro e o necessitado por um
par de sapatos” (Am.2:6). A injustiça social existente em Israel era o motivo
pelo qual Deus levantara o profeta Amós para chamar o povo ao arrependimento
dos pecados e à conversão.
III
– OS JUÍZOS CONTRA ISRAEL, UMA SOCIEDADE INJUSTA
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A partir de Am.2:6, o profeta Amós começa a pronunciar os juízos contra o povo
de Israel, o núcleo mesmo de sua mensagem, se bem que, como já vimos, os juízos
feitos contra as demais nações, inclusive Judá, apenas indicavam a prática por
parte daqueles povos do que também era feito pelos israelitas.
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A prosperidade material que o Senhor havia trazido a Israel nos dias de
Jeroboão II não tinha
chegado
a todos os israelitas. Pelo contrário, a opulência material não havia sido
acompanhada de uma distribuição de renda, de uma distribuição de riquezas e o
resultado tinha sido o surgimento de uma situação de gritante desigualdade
social, sendo que os que haviam enriquecido não só não estavam a distribuir com
os pobres, mas tinham tomado o nítido propósito de enriquecer ainda mais, tomando
o que os pobres tinham.
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A sociedade de Israel nos dias de Jeroboão II prefigura a sociedade que vivemos
em nossos dias. Assim como Israel naqueles dias estava na iminência de receber
um juízo divino, que importaria em sua destruição como sociedade e nação
organizada, da mesma maneira a sociedade globalizada em que vivemos está na iminência
de receber o juízo divino, a saber, a Grande Tribulação, quando também se
desfará esta sociedade pecaminosa e injusta que hoje prevalece entre nós.
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A primeira característica que o Senhor aponta em Israel é que ali se “vendia um
justo por dinheiro e um necessitado, por um par de sapatos” (Am.2:6). Notamos,
de pronto, que a sociedade israelita era dominada pelo dinheiro, o dinheiro
assumia o posto de vera divindade, tudo girava em torno dele, possuía ele a
primazia nos relacionamentos sociais.
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Hoje em dia não é diferente. Como afirma uma expressão de uma famosa música que
foi trilha sonora do filme “Cabaret”: “Money makes the world go around”, ou
seja, “o dinheiro faz o mundo rodar”. Em nossa sociedade anticristã, o dinheiro
é quem tem a última palavra, tudo se faz em busca e por causa do dinheiro, não tendo
a pessoa humana qualquer significado. Em que pesem os documentos internacionais
e as constituições dos países prezarem pela “dignidade da pessoa humana” como
princípio basilar, o que conta, mesmo, é o poder econômico-financeiro, em torno
do qual tudo se faz.
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Na sociedade israelita dos dias de Amós, “o justo era vendido por dinheiro”, ou
seja, o dinheiro valia mais do que a justiça, não se buscava fazer justiça, não
se importava em se seguir a lei dada por Deus ao povo. Ter dinheiro era mais
importante, ter riquezas era o que se buscava.
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Esta obsessão pela posse de riquezas também se traduzia num consumismo
desenfreado, visto que também se vendia “um necessitado, por um par de sapatos”
(Am.2:6). Esta expressão mostrava muito bem que maior valor tinham os bens de
consumo (“o par de sapatos”) do que a ajuda aos necessitados, do que o exercício
do amor ao próximo. Quantos hoje em dia também assim não procedem, deixando de
ajudar alguém para ter um “par de tênis de marca”…
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Mas não era só isso que o profeta estava a denunciar. Esta primazia do
dinheiro, da busca dos bens materiais em detrimento da pessoa humana fazia com
que várias consequências nefastas se instalassem na sociedade israelita.
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A primeira delas era a instalação de uma desigualdade social tamanha no meio do
povo, de tal maneira que, “suspirando pelo pó da terra sobre a cabeça dos
pobres, eles pervertem o caminho dos mansos”. A injustiça social propiciava a
perversão do povo que, diante da situação de nítida injustiça social, passava
também a ter uma mentalidade malvada e egoística. Os ricos acabavam, também,
por perverter a moralidade de toda a sociedade, que passava a adotar estes
valores perversos em seu “modus vivendi”.
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Nos dias hodiernos, vemos que a situação de desigualdade social gritante e a
opressão causada por ela faz com que as classes sociais menos abastadas adotem
como modelo de vida, como referencial a vida regalada e materialista desfrutada
pelas elites e, em consequência, não raras vezes, adotam caminhos tortuosos
para chegar a este estado, como a criminalidade, por exemplo. Quando vemos os
traficantes advindos das camadas sociais mais humildes adotando os “modus
vivendi” da elite bem notamos como isto é uma realidade.
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Mas, além disso, diz o profeta, que “um homem e seu pai entram à mesma moça,
para profanarem o Meu santo nome. E se deitam junto a qualquer altar sobre
roupas empenhadas, e na casa de seus deuses bebem o vinho dos que tinham
multado” (Am.2:7b,8). Outras duas consequências trazidas por esta busca
desenfreada de coisas materiais são o hedonismo e o luxo.
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Quando se adota a posse dos bens materiais como prioridade e objetivo na vida,
esquece-se por completo da dimensão eterna e se passa a buscar o que é
passageiro, o que produza prazer imediato e intenso. Ao se adotar Mamom como
seu deus, a pessoa acaba, também, adotando a “cultura do prazer”, a “busca do
prazer imediato a qualquer custo”, que é o que se denomina de “hedonismo”
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Amós denunciou que, diante da postura
adotada pela elite israelita ante a prosperidade material alcançada, iniciou-se
um movimento de perversão sexual, de busca de prazer a todo custo e imediato, o
que acarreta a chegada da prostituição, do desregramento da moral sexual.
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Nem é preciso demonstrar que é exatamente isto que estamos a vivenciar em nossos
dias, dias de intensa e crescente imoralidade sexual, dias em que a chamada
“indústria do sexo” é o negócio que mais rende no mundo depois do tráfico de
armas, mais até do que o tráfico de drogas, segundo as últimas estatísticas. E
o mais triste é que muitos que cristãos se dizem ser estão totalmente
mergulhados no hedonismo, querendo o prazer do aqui e do agora, não se
importando com a eternidade.
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Mas, além do hedonismo, temos, também, o luxo como uma característica não só da
sociedade israelita dos dias de Amós mas também da nossa, da qual aquela é um
tipo, uma figura. Luxo, como diz o Dicionário
Houaiss
da Língua Portuguesa, é “maneira de viver caracterizada pela ostentação, por
despesas excessivas, pela procura de comodidades caras e supérfluas, pelo gosto
do fausto e desejo de ostentação”.
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A busca prioritária de riquezas e a cultura do prazer fazem com que se tenha um
comportamento egoístico, em que se busca ostentação e o supérfluo, sem se
importar com o próximo. O homem se prende, pois, a muitas coisas, de valor
intrínseco algum, mas que o fazem se distanciar cada vez mais de Deus. Era esta
a situação dos israelitas que viviam regaladamente e acabavam por servir a
vários deuses, buscando tão somente a própria satisfação, mesmo que à custa da
exploração dos mais pobres.
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Os israelitas não se lembravam mais dos benefícios dados por Deus a eles, nem
tampouco permitiam que as pessoas que serviam a Deus pudessem se manifestar no
seio da sociedade. Buscavam desvirtuar os nazireus, pessoas que decidiam se
separar para Deus, como também proibiam os profetas de trazer as mensagens de Deus
(Am.2:11,12) e, por causa disso, sofreriam duro juízo da parte do Senhor
(Am.2:13-16).
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Porventura, não é isso que vemos em nossos dias, a começar daqueles que
cristãos se dizem ser? Quantas igrejas locais não têm corrompido os “nazireus”
e proibido os “profetas” de profetizar? Quantos não têm sido impiedosamente
perseguidos e, não raras vezes, excluídos de suas igrejas locais porque querem
servir a Deus e não aceitam mudar os seus valores, os valores determinados por
Deus em Sua Palavra, pelo mundanismo que tem invadido os ambientes supostamente
eclesiásticos? Amados, se isto tem acontecido com os irmãos, não desanime, pois
quem procede assim está chamando para si mesmos o juízo divino.
Mantenhamo-nos
fiéis ao Senhor!
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O Senhor anuncia que visitaria todas as injustiças dos israelitas. Deus não
poderia mais andar com Israel, pois “como andarão dois juntos se não estiverem
de acordo?” (Am3:3). Mas, como o Senhor não faz nada sem revelar antes aos Seus
servos, os profetas (Am.3:7), trataria de denunciar o pecado e anunciar, antes que
acontecesse, a quem ainda O servia e cria em Sua Palavra, o que sucederia ao
povo de Israel em virtude de suas injustiças.
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Notamos, portanto, amados irmãos, como diz o título da lição, que não pode
alguém dizer servir a Deus, adorá-l’O, se praticar injustiça social, ou seja,
se não levar em conta o próximo, se buscar se enriquecer ou prevalecer de
alguma maneira sobre o outro, prejudicando-o.
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Deus anuncia que lançaria Seu juízo sobre o povo de Israel porque “…não sabem o
que é reto, entesourando nos seus palácios a violência e a destruição”
(Am.3:10). A não distribuição das riquezas que o próprio Senhor havia dado a
Israel fazia com que a elite daquele país não só entesourasse as riquezas, mas,
para manter aquela situação iníqua, também fizesse uso da violência e da
destruição.
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Para que houvesse a satisfação da ganância daquela elite, não se mediam
consequências e não havia qualquer temor em se usar da violência para se tomar
os bens dos mais pobres, como também da própria destruição de quem se tornasse
obstáculo para a satisfação da concupiscência daquela gente. Hoje em dia não é
diferente não podemos, de forma alguma, apelar à violência ou à destruição para
auferirmos vantagens econômico financeiras. Lembremos que isto não é reto, não
é direito, como disse o Senhor pela boca de Amós.
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O Senhor contemplava a situação de iniquidade existente. Se, de um lado, havia
o necessitado; de outro, havia “casas de inverno e casas de verão”, “casas de
marfim” e “grandes casas” (Am.3:15), a denunciar a desigualdade social presente
em Israel. Todo este luxo, porém, seria destruído quando viesse o inimigo a destruir
todas as coisas naquela sociedade.
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Deus ainda age desta maneira, amados irmãos. Vemos, atualmente, que uma “elite
eclesiástica” também está a viver nababescamente como a elite israelita
daqueles dias. Também hoje há as mansões cinematográficas, grandes propriedades
rurais com milhares de cabeças de gado, jatinhos particulares e tantas outras
coisas que são arrancadas das contribuições financeiras de pessoas humildes e
necessitadas. No entanto, isto não nos deve escandalizar nem fazer com que,
equivocadamente, deixemos de contribuir para a obra de Deus. Lembremos que o
nosso Deus é o mesmo Deus que falou pela boca de Amós e que, a Seu tempo,
visitará os ímpios e iníquos.
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O Senhor promete tratar com estas “vacas de Basã”, que oprimem os pobres e
quebrantam os necessitados.
Serão
eles “levados com anzóis e a seus descendentes com anzóis de pesca” (Am.4:1,2).
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Diante da injustiça social, não devemos agir como ensinam os marxistas-leninistas,
que aconselham o uso da violência para que, em uma revolução, seja a elite
exterminada e instituída “pelo partido comunista” uma sociedade justa e
igualitária, segundo os ditames da doutrina de Karl Marx, Friedrich Engels,
Lênin, Stálin, Trotsky, Mao Tsé-Tung e tantos outros teóricos que o que fizeram
foi apenas causar a morte de milhões de pessoas sem ter, com isto, instituído
qualquer sociedade justa como haviam prometido.
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Se é certo que devemos nos indignar com esta situação e lutarmos para que ela
não prevaleça em nossa sociedade, até porque temos de ter o mesmo sentimento
que tem o Senhor a respeito e, como temos visto até aqui, é um sentimento de
indignação e repulsa a um tal estado de coisas, não devemos tomar em nossas mãos
algo que será feito pelo próprio Deus, a quem pertence única e exclusivamente a
vingança (Dt.32:35; Sl.94:1; Rm.12:19; Hb.10:30).
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Devemos, antes de mais nada, viver de acordo com o que mandam as Escrituras,
não buscando com prioridade as coisas desta vida, mas sim, o reino de Deus e a
sua justiça (Mt.6:33), pois só assim nossa adoração será aceita. Não é por meio
de pecado e de violência que poderemos agradar a Deus e, muito menos, ser
instrumentos da glorificação do nome do Senhor.
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Por isso, o Senhor mostra toda a Sua abominação para com a religiosidade
ostentada pela elite israelita que queria servir a Deus mesmo cometendo todas
as injustiças que estavam a praticar. A religiosidade externa apresentada pelos
israelitas é chamada de transgressão, de multiplicação da transgressão, já que
de nada adiantava oferecer sacrifícios diários e trazer, de três em três dias,
os dízimos, se havia a prática da injustiça.
Tais
sacrifícios eram para Deus “sacrifícios de louvores do que é levedado”, ou
seja, algo que jamais seria aceito pelo Senhor (Am.4:4,5), eram festas
desprezadas pelo Senhor, que as aborrecia e não Lhe dava prazer algum
(Am.5:21), eram cânticos que o Senhor não queria ouvir (Am.5:23).
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A prova maior de que Deus não estava a Se agradar da religiosidade meramente
exterior dos israelitas era
que
já estava a executar as maldições previstas na lei de Moisés (Dt.28:15-68),
retendo a chuva, mandando
pestes
e já causando perdas entre os moradores de Israel (Am.4:6-11), a fim de que
Israel percebesse que teria
de
se encontrar com o seu Deus para Lhe prestar contas (Am.4:12,13).
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Muitos estão a viver da mesma maneira em nossos dias. Fazem questão de
parecerem religiosos devotos, cumpridores de todas as suas obrigações junto a
suas igrejas locais, inclusive multiplicando as festividades e os cultos ao
Senhor, mas não cessam de praticar o mal, de viver em função das coisas
materiais, das coisas desta vida, negando, assim, que tenham ressuscitado com
Cristo Jesus (Cl.3:1-4). Como não têm a vida nova em Cristo Jesus, não podem
mortificar a carne, a natureza pecaminosa que habita em nós e, consequentemente,
ainda vivem em seus delitos e pecados, mortos para Deus. Que Deus nos guarde
desta situação, amados irmãos!
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Apesar de todos estes avisos divinos, o povo não se converteu (Am.4:8-11) e, em
virtude disto, Israel, cairia, nunca mais se levantaria e seria desamparada na
sua terra (Am.5:2).
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Deus, então, manda que o profeta Amós pregue o arrependimento dos pecados e a
conversão: “Porque assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-Me e vivei”
(Am.5:4), “Buscai ao Senhor, e vivei, para que não se lance na casa de José
como um fogo, e a consuma, e não haja em Betel quem o apague. Vós que converteis
o juízo em alosna, e deitais por terra a justiça, procurai o que faz o Sete
estrelo, e o Oriom, e torna a sombra da noite em manhã, e escurece o dia como a
noite; o que chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra; o Senhor é o
Seu nome” (Am.5:6-8).
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Deus jamais lança o juízo sem antes dar oportunidade real para que o homem se
arrependa dos seus pecados e se converta. O caminho da conversão é a busca ao
Senhor, é passar a buscar prioritariamente agradar a Deus, a obedecer-Lhe, a se
deixar ser governado pelo Senhor. Isto implica, nos relacionamentos sociais, em
amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, a pôr a pessoa
humana como a principal coisa que existe na face da Terra.
-
Somente há justiça social quando a pessoa humana é posta como prioridade na
sociedade, quando se dá a devida dignidade ao homem por ser ele a imagem e
semelhança de Deus. Como afirma o Compêndio
da Doutrina Social da Igreja Romana: “toda a vida social é expressão do
seu inconfundível protagonista: a pessoa humana.” (Compêndio, n.106). Quando
subjugamos o homem a outros interesses, como a posse de bens materiais,
construímos uma sociedade injusta e perversa, como é a nossa sociedade
hodierna, como era a sociedade de Israel nos dias de Amós.
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Não podemos adorar a Deus, não podemos servi-l’O com sinceridade se não
pusermos na ordem social a pessoa humana, que foi feita à Sua imagem e
semelhança, como prioridade, até porque o Senhor pôs o homem como coroa da
criação terrena (Sl.8:4-8). Deixar de dar ao homem o lugar de primazia em nossa
organização social é se rebelar contra a ordem instituída pelo Senhor no
princípio.
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Isto importa dizer que, na organização social, devemos priorizar a pessoa
humana, a satisfação de suas necessidades, jamais relegando a satisfação do
mínimo suficiente para que alguém sobreviva dignamente em detrimento de
satisfação de nossas vaidades, do acúmulo de riquezas ou da sua ostentação. O
que norteia o mundo hoje em dia é a busca do máximo prazer, do máximo consumo
mesmo se isto representa a exploração de seres humanos, reduzidos a condições
sub-humanas para que outros tenham suas “casas de marfim”.
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Em busca de uma vida regalada, muitos não se importam em levar milhões e
milhões de pessoas a condições degradantes, à fome e à miséria absoluta. Esta
injusta distribuição das riquezas, que está na própria essência dos sistemas
político-econômicos criados pelo homem,
seja o capitalismo, seja o socialismo, é resultado, consequência direta do domínio
do pecado sobre a humanidade. Somente quando o pecado for debelado, o que ocorrerá
quando da construção do reino milenial de Cristo, teremos as tão almejadas
justiça e paz.
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Este mundo está no maligno (I Jo.5:19) e não se pode esperar dele que se tenha
justiça, que haja a dignificação da pessoa humana. Certa feita, o escrito
brasileiro Millôr Fernandes (1923-2012) disse o seguinte: “o contrário da
exploração da mesa pela cadeira, é a exploração da cadeira pela mesa. O
capitalismo é a exploração do homem pelo homem e o socialismo, exatamente o
contrário”. Temos aqui uma verdade incontestável: todo e qualquer sistema
construído pelo homem será um sistema dominado pelo pecado, pois o pecado
domina o homem. Deste modo, não se terá jamais, num sistema construído pelo
homem, a justiça social, que continua a ser a inalcançável meta de todo homem.
Por isso, seja qual for o sistema político econômico reinante, haverá injusta
distribuição dos recursos entre os homens
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Tal situação, porém, não pode servir para um conformismo por parte dos servos
de Deus. O Senhor não Se conformou com a situação vivida por Israel e mandou de
Judá o profeta Amós para denunciá-la e conclamar o povo a se arrepender de seus
pecados e a se converter. Quando buscamos a Deus, encontramos vida e, se temos
vida, podemos mudar a situação social que está a nossa volta. Se a pessoa
humana foi dignificada, ainda que não o suficiente, nos últimos séculos, isto
se deve à pregação do Evangelho.
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Deus manda que os israelitas se convertessem, buscassem a Deus e cumprissem a
lei de Moisés, pois, em fazendo assim, alcançariam a justiça social. A lei de
Moisés tinha inúmeros mecanismos para impedir o enriquecimento intenso de uns
poucos e o empobrecimento descomunal de quase todos. Através de instituições
como o ano do jubileu, o ano sabático, a respiga, dentre outros, impedia que um
grupo ficasse muito distante dos demais habitantes do país. No entanto, os
israelitas não seguiam a lei dada por Deus e estavam a instalar uma sociedade
extremamente injusta e opressora sobre os mais pobres, os mais humildes.
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Os israelitas, porém, em vez de buscarem a Deus, mesmo sabendo que podia advir
desta rebeldia o juízo, não se converteram. Pelo contrário, “aborreciam na porta ao que os
repreendia e abominavam o que falava sinceramente” (Am.5:10). Parece vermos que
o profeta como que subscrevia as palavras do nosso Ruy Barbosa que, em certa
ocasião, afirmou que, em nossa sociedade, diante de tantas iniquidades, chegamos
a ter vergonha de ser honestos.
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Os pobres eram pisados, deles se exigindo um pesado tributo, tributo que era
utilizado não para o bem-estar da população, mas para que fosse satisfeito o
luxo dos mais poderosos, que com o tributo
erguiam casas lavradas e adquiriam o vinho para suas festas (Am.5:11).
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Como se isto fosse pouco, a elite israelita ainda afligiam o justo, tomavam
suborno e rejeitavam o necessitado na porta, fazendo com que se vivesse, no
meio do povo de Deus, uma situação praticamente idêntica a que se vivia em
Sodoma (Ez.16:49). Será que não temos nos comportado desta mesma maneira? Pensemos
nisto, amados irmãos!
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O caminho para que o Senhor tivesse piedade de Israel era que o povo
aborrecesse o mal e amasse o bem, estabelecendo a justiça na sociedade
(Am.5:15). Este é o caminho que devemos perseguir na sociedade perversa onde
vivemos. Se nós, servos de Deus, fizermos o correto, formos justos, buscarmos a
Deus e amarmos o bem, o Senhor poderá ter misericórdia da sociedade onde
vivemos. Será que temos feito isto, ou estamos seguindo os passos tortuosos dos
ímpios?
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Para os impenitentes, para aqueles que não se convertessem a Deus, estava
reservado o juízo, que o profeta chama de “o dia do Senhor” (Am.6:18). Em sua
religiosidade externa, os israelitas diziam almejar o “dia do Senhor”, mas o
profeta os adverte que aquele dia seria terrível para eles, pois, como não
serviam a Deus, seria um dia de trevas e não, de luz.
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De igual modo, há muitos que cristãos se dizem ser que estão a clamar “Ora vem
Senhor Jesus”, “Maranata”, mal sabendo que, por viverem injustamente, por não
amarem o próximo, por não darem a devida dignidade à pessoa humana, este dia
lhes virá para juízo, pois, como não estão a cumprir o mandamento do amor deixado
pelo Senhor Jesus (Jo.15:12), o dia do arrebatamento da Igreja não lhes trará a
glorificação, mas, sim, o início do mais tenebroso período da história da
humanidade, a Grande Tribulação. Busquemos ao Senhor enquanto se pode achar,
invocai-O enquanto está perto (Is.55:6). Hoje ainda é dia aceitável, não
permitam que a multiplicação do pecado no mundo venha arrefecer o nosso amor
(Mt.24:12).
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O Senhor diz que trataria com todos aqueles que haviam preferido ter uma vida
regalada a servir a Deus e a ajudar os mais necessitados, que estavam no luxo,
“dormindo em casas de marfim, cantando ao som do alaúde, bebendo vinho em
taças, ungindo-se com o mais excelente óleo” (Am.6:4-6)
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Todos eles perderiam, de uma hora para outra, todas as suas riquezas e se
tornariam cativos, sendo levados como tal para outro país (Am.6:7). A soberba
que havia tomado conta daquela elite de Israel seria totalmente debelada e seus
palácios, destruídos (Am.6:8).
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Por que Deus estaria a tratar com essa gente? Seria porque não suporta ver o
homem ter uma vida regalada, como as divindades gregas que não suportavam ver o
sucesso de um simples mortal? Não, não e não! Deus quer que o homem viva bem,
tanto que para este mesmo homem construiu um lugar de delícia como era o jardim
do Éden. O que Deus não tolera é que esta vida regalada seja obtida através da
injustiça, através da exploração de outros seres humanos. Olha o que diz Amós:
“Por que haveis vós tornado o juízo em fel e o fruto da justiça, em alosna?
“(Am.6:12b). A injustiça era a causa do castigo divino.
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A promessa do juízo divino, da vingança do Senhor sobre aquele povo
impenitente, não veio porém desacompanhada de uma demonstração da misericórdia
divina. Ao contrário do que alguns desavisados têm propagado por aí, de que o
Deus cristão é um Deus cruel e sanguinário, temos que o nosso Deus é um Deus
misericordioso, clemente e amoroso, mas que, nem por isso, deixa de ser justo.
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Após ter anunciado que Israel seria levado cativo por causa de sua injustiça
social, o Senhor deu a Amós uma visão em que gafanhotos destruíam completamente
a erva da terra. Diante de uma visão tão terrível, que significa a morte pela
fome de todo o povo, o profeta não aguentou e pediu a Deus que perdoasse Israel
e Deus, então, disse ao profeta que havia Se arrependido daquilo e que não
aconteceria (Am.7:1-3).
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Deus, então, dá uma nova visão ao profeta, desta vez de um fogo que consumia
toda a terra, destruindo-a por completo. O profeta, uma vez mais, compungido
com aquela situação, pediu a Deus que perdoasse Israel e o Senhor, uma vez
mais, ouviu o profeta e disse que isto não aconteceria (Am.7:4-6).
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Em ambas estas passagens, o Senhor quis revelar, através do profeta, a Sua
misericórdia e a Sua disposição de sempre perdoar o homem. Deus não tem prazer
na morte do ímpio, mas deseja a sua conversão (Ez.18:23; 33:11). Este
“arrependimento” de Deus deve ser compreendido como a revelação da misericórdia
de Deus e de Sua fidelidade em não destruir por completo o Seu povo, ainda que
fosse ele um povo pecador. Há sempre um remanescente no meio do povo de Deus
que é poupado pelo Senhor para que Se cumpram as promessas feitas pelo Senhor a
Israel. Não nos esqueçamos, amados irmãos: Deus é fiel e, se formos infiéis,
Ele permanece fiel, pois não pode negar a Si mesmo (II Tm.2:13).
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Amós intercedeu pelo povo, pois, como homem de Deus, sentia pelos israelitas
amor, mostrando como nós devemos agir em relação aos impenitentes de nossa
sociedade, de nossa nação. O profeta, que nem israelita era, mas, sim, judaíta,
poderia ter dito ao Senhor que agisse de forma a destruir aquele povo, até porque,
certamente, estava a perceber que não era bem visto pelos sacerdotes do culto
dos bezerros de ouro em Samaria, mas sua condição de servo de Deus, de homem
cheio do Espírito Santo o impedia de ter outra conduta senão a de querer a
salvação do próximo. Será que temos agido assim, nós que, como servos do Senhor
Jesus, temos, assim como Amós tinha, o Espírito Santo e, mais do que Amós, que
era cheio do Espírito quando profetizava, temos o Espírito a habitar conosco e
a estar em nós (Jo.14:17)?
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O Senhor, porém, mostrou a Amós uma terceira visão, desta feita, a visão de um
prumo. Apesar de prometer ao profeta que não destruiria totalmente o povo, o
Senhor fez questão que deveria fazer justiça, pois “os altos de Isaque serão assolados e
destruídos os santuários de Israel e Me levantarei com a espada contra a casa
de Jeroboão” (Am.7:9).
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Deus não iria destruir totalmente Israel, atendendo ao pedido do profeta, que
estava de acordo com os compromissos
assumidos pelo Senhor junto a Israel no monte Sinai, mas, nem por isso,
deixaria de executar a justiça diante da impenitência verificada. Deus não Se
deixa escarnecer, amados irmãos, por isso não queiramos abusar da Sua graça,
pois Ele é o Deus de justiça!
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Quando o profeta anunciou que Deus lançaria o juízo contra a casa real,
terminou o grau de suportabilidade por parte dos profetas e sacerdotes reais.
Amazias, o sacerdote de Betel, mandou dizer ao rei Jeroboão II que Amós era um
conspirador, um revolucionário que estava querendo instigar o povo contra o
monarca (Am.7:10). Amazias, inclusive,
proibiu Amós de profetizar em Israel, mandando-o para Judá (Am.7:12,13).
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O profeta, porém, não se intimidou. Premido pelo sacerdote Amazias, disse que
não estava ali porque fosse “profeta, filho de profeta”, mas, sendo um simples
boieiro e cultivador de sicômoros, havia sido mandado por Deus para Israel para
ali levar a mensagem do Senhor e que tudo quanto estava a profetizar,
aconteceria e, inclusive, o próprio sacerdote Amazias sofreria o castigo divino
(Am.7:14-17).
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Assim como Amós, não podemos nos deixar intimidar pelos que se beneficiam da
ordem injusta estabelecida (o chamado “establishment”), inclusive entre os que
cristãos se dizem ser e, assim como Amazias, ostentam cargos e posições
relevantes na sociedade. Temos de ter, como Amós, a convicção de que estamos
servindo ao Senhor e Lhe sendo obedientes, não tendo, pois, medo de enfrentar,
quando necessário, as autoridades e os “grandes”.
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Observemos que não foi Amós quem se rebelou contra o sistema, nem quem promoveu
qualquer rebelião.
Não
podemos, em hipótese alguma, menosprezarmos ou nos revoltarmos contra as
autoridades, pois elas são constituídas por Deus (Rm.13:1,2). Todavia, não
podemos, por ter o amor de Deus em nossos corações, folgar com a injustiça (I
Co.13:6), de sorte que devemos não só praticar a justiça em nossos atos, como
também denunciar a injustiça alheia, como fez o profeta Amós.
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Lamentavelmente, muitos, em nossos dias, são verdadeiros Amazias, que preferem
ter posição, prestígio e poder, mesmo em meio à injustiça, a fazer o que é reto
e justo, a defender aqueles que são injustiçados e oprimidos. Quando surge
alguém que aceite ser profeta de Deus, que aceite denunciar a injustiça, são os
primeiros a querer calá-los e expulsá-los do meio social. Estes também
receberão o devido castigo da parte de Deus.
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A Bíblia não nos revela se Amós acabou tendo de voltar para Tecoa. O livro
prossegue com algumas visões e mensagens do profeta, que não sabemos se
proferidas logo em seguida a esta determinação de Amazias ou num período
posterior. Os estudiosos entendem que Amós realmente foi banido de Samaria e
teve de voltar para Judá, onde tornou a ser simplesmente boeiro e cultivador de sicômoros, o que explicaria o
início do ministério do profeta Oseias. De qualquer sorte, Amós fez aquilo que
o Senhor queria que fizesse e isto é o que importa para todos nós, que devemos
seguir-lhe o exemplo.
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O fato é que Deus deu a Amós, após este episódio com Amazias, uma outra visão,
a visão de um cesto de frutos de verão, para anunciar que havia chegado o fim
de Israel. Este fim tinha uma causa: “anelais o abatimento do necessitado e
destruís os miseráveis da terra”. Temos aqui a malignidade de que já falamos supra
e que sempre acompanha uma sociedade que erige o dinheiro como seu verdadeiro
deus.
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O Senhor denunciou, pela boca de Amós, que os ricos ficavam aguardando
ansiosamente a chegada do mês (a lua nova representava o início dos meses no
calendário judaico) para que pudessem explorar os pobres e necessitados, usando
balanças enganadoras para fraudar os pesos e medidas e, deste modo, venderem os
produtos com maior lucro.
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Não havia escrúpulos por parte da elite dominante para conseguir arrancar cada
vez mais recursos dos mais pobres. Eram insaciáveis em seu desejo de
enriquecimento e, para isto, não tinham qualquer dó ou pena dos menos
afortunados, que eram explorados cada vez mais.
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Porventura não é isto que vemos nos dias em que vivemos? As estatísticas
demonstram, com absoluta clareza, que, apesar de todo o desenvolvimento
tecnológico dos nossos dias e da “melhoria das condições de vida” que é
propalada pela mídia, os índices de desigualdade social só aumentam. Pesquisa
recente feita pelas Nações Unidas aponta que os índices de desigualdade estão
crescendo em todos os países do mundo, tanto que1 bilhão de pessoas, dos 3,5
bilhões que moram em cidades, atualmente moram em favelas em todo o mundo.
Ou
seja: o progresso vivido pelo mundo em nossos dias não está servindo ao homem,
mas apenas a alguns poucos, cada vez em menor número.
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Diante deste quadro de nítida injustiça social, não havia mais o que fazer do
que fazer vir ao povo “o dia do Senhor”, ocasião em que “o sol se poria ao meio
dia e a terra se entenebreceria em dia de luz” (Am.8:9), “tornaria as festas em
luto e todos os cânticos em lamentações” (Am.8:10).
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Todas as coisas procuradas com ânsia por aquela gente se perderia. Quando
buscamos as coisas materiais e prejudicamos os outros para obtê-las,
esquecemo-nos de que tudo o que existe neste mundo é passageiro e que somente
quem faz a vontade de Deus permanece para sempre (I Jo.2:17). Por que, então,
trocar uma eternidade com Deus por coisas passageiras desta vida que nos
levarão à perdição?
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O profeta Amós, inclusive, anuncia que haverá dias em que haverá fome sobre a
Terra, mas não fome de pão nem sede de água, mas de ouvir as palavras do
Senhor, dias em que as pessoas andarão de um lado para outro buscando a Palavra
de Deus mas não a acharão (Am.8:11,12). Esses dias de que fala o profeta Amós
parecem ser os dias da segunda metade da Grande Tribulação, quando não haverá
mais profetas para falar a Palavra de Deus, a ponto de o próprio Deus, na Sua
misericórdia, anunciar o Evangelho por meio dos anjos (Ap.14:6-13).
Acordemos,
irmãos, enquanto é tempo!
-
O juízo anunciado por Amós é terrível. O Senhor diz que ninguém escaparia do
cativeiro nem da espada, mas, cumprindo aquilo que já havia mostrado ao
profeta, o Senhor diz que não destruiria todo o Israel, deixaria um
remanescente (Am.9:1-8).
III
– A PROMESSA DE BÊNÇÃO SOBRE ISRAEL
-
Ao dar as duas primeiras visões ao profeta Amós, o Senhor já mostrara que,
apesar do juízo ser inevitável diante da impenitência do povo, mesmo assim o
Senhor não destruiria Israel totalmente, diante das Suas promessas de fazer
daquele povo um reino sacerdotal e um povo santo.
-
Ante o propósito divino, que jamais pode ser impedido (Is.43:13), o Senhor não
poderia, mesmo, como é um Deus imutável e fiel, permitir a destruição de todo o
povo de Israel, devendo, pois, preservar um remanescente para os dias do
cumprimento de Suas promessas.
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Por isso mesmo, até hoje os judeus, em todas as suas universidades, mantêm
estudiosos para tentar encontrar as “dez tribos perdidas”, visto que as
Escrituras são firmes em apontar que Judá e Israel serão reunidas pelo Senhor
quando do estabelecimento do reino milenial de Cristo (Ez.37:19-23). A
propósito, nos últimos anos, têm conseguido os estudiosos encontrar
remanescentes destas tribos em diversos lugares, a indicar, portanto, que não
houve uma destruição total.
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Assim, o Senhor é peremptório em afirmar
que destruiria o reino pecador de Israel, mas não
destruiria
totalmente a casa de Jacó (Am.9:8). Os pecadores seriam mortos, por causa do
seu pecado, mas a nação não seria destruída, por causa das promessas de Deus.
-
É importante, portanto, verificarmos que Deus zela pelo Seu povo, cumpre as
Suas promessas, mas que nem por isso pecadores deixarão de ser punidos. O
compromisso de Deus é com a Sua Palavra, não com os pecadores que, se quiserem
pertencer ao remanescente salvo, deverão se arrepender de seus pecados e se converter.
-
Muitos se iludem, em nossos dias, como os judeus dos dias de Jesus que, por
serem descendentes biológicos de Abraão, achavam que tinham a Deus por Pai. O
Senhor Jesus mostrou-lhes, com absoluta clareza, que o fato de alguém ser
etnicamente pertencente a Israel não significa em absoluto que seja filho de
Abraão (Jo.8:33-45).
-
Nós, então, que pertencemos ao “Israel de Deus”, ou seja, a uma nação
constituída espiritualmente, sem qualquer traço étnico, não podemos querer nos
considerar “filhos de Deus” só porque ostentamos o nome de “cristãos”, porque pertencemos a uma
denominação religiosa que se diga cristã. Somente seremos verdadeiros “filhos de Deus” se crermos em Jesus e O
amarmos, o que importa reconhecer que devemos servi-l’O e observar a Sua
Palavra, em especial, demonstrando amor ao próximo e não compartilhando da
injustiça social existente no mundo. Será que podemos dizer que somos servos de
Deus, que pertencemos ao Seu povo
-
O Senhor promete, então, diante do fato de que não haverá destruição total de
Israel, que haveria um dia em que a tenda de Davi seria levantada novamente e a
nação de Israel seria edificada como nos dias da antiguidade, profecia esta que
se cumprirá apenas no reino milenial de Cristo, quando haverá a restauração plena
de Israel, como foi visto pelo profeta Ezequiel no vale dos ossos secos.
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Se Israel já existe hoje como nação na comunidade internacional, ainda se trata
de uma nação que tem apenas os judeus, não envolvendo as dez tribos perdidas,
bem assim nem todos os judeus ali estão a morar, já que a maior parte dos
judeus ainda vive na diáspora. Além do mais, embora Israel esteja estruturado
como um Estado independente, ainda que contestado ainda por vários países (em
especial os árabes), o fato é que, espiritualmente, ainda os israelitas não têm
vida espiritual, já que não aceitam ainda a Cristo como o Messias,
a
revelar que ainda não se cumpriu totalmente o que foi profetizado na visão do
vale dos ossos secos.
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Tanto isso é verdade que, no concílio de Jerusalém, quando a Igreja discutia a
respeito da necessidade, ou não, dos gentios se fazerem judeus para que
houvesse a sua integração à Igreja, o Espírito Santo fez os apóstolos, anciãos
e demais cristãos ali reunidos lembrar desta profecia de Amós, para que eles
entendessem que o tempo da Igreja era destinado aos gentios e que o Senhor
trataria com Israel oportunamente (At.15:16,17).
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O Senhor, então, mostrando toda a Sua misericórdia e graça, mesmo diante da
rejeição dos israelitas à mensagem dada por intermédio de Amós, diz que haveria
dias em que o cativeiro seria removido do meio do povo de Israel e os
israelitas retornariam para a sua terra, tempos em que todos os israelitas
gozariam dos bens do fruto da terra, em perfeita justiça e paz.
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Ao contrário da opressão vivida naqueles dias em que o profeta Amós exerceu seu
ministério, os israelitas todos haveriam de habitar, plantas vinhas e beber o
seu vinho, ter pomares e comerem do seu fruto, num ambiente de justiça e paz,
onde todos poderiam usufruir do seu trabalho, sem qualquer injustiça na
distribuição da renda obtida.
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Como servos de Deus, que almejamos a chegada desses dias, quando, ao lado de
Cristo, veremos a instauração da justiça e da paz (Sl.85:10), devemos, desde
já, agir neste sentido, sendo verdadeiros adoradores do Senhor, na medida em
que nos comportemos de forma a que as relações sociais sejam mais justas, pois
o reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça e paz e alegria no
Espírito Santo (Rm.14:17). Temos agido desta maneira? Que lendo Amós mudemos
nosso comportamento social e sejamos verdadeiras luzes neste mundo tenebroso e
injusto. Amém!